Após ouvir o empresário José Carlos Batista, sócio da empresa Guaranhuns Empreendimentos, o sub-relator de Fundos de Pensão, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), verificou que Batista ganhou dinheiro em cima das operações que o fundo de pensão Prece (da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio, a Cedae) perdeu. Batista também lucrou com operações nas quais as corretoras que trabalhavam com fundos de pensão perderam dinheiro em investimentos.
ACM Neto acredita que a Prece perdeu dinheiro propositadamente, em operações supostamente irregulares na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&F), para que o valor fosse desviado para o "valerioduto".
A Guaranhuns é apontada pela CPI dos Correios como responsável por saques de R$ 6 milhões das contas das agências de publicidade de Marcos Valério Fernandes de Souza no Banco Rural. Batista tem 0,1% das ações da Guaranhuns, que pertence à offshore Esfort Trading, com sede no Uruguai. Ele foi indiciado em 9 de agosto pela Polícia Federal, acusado de envolvimento em lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e prática de crime contra o sistema financeiro.
Durante o depoimento, ele disse desconhecer os doleiros Alberto Yussef, Dario Messer e Najum Turner, investigados pela CPI, mas admitiu ter trabalhado com várias corretoras citadas nas investigações de ACM Neto, como a Laeta e a Bônus-Banval.
O deputado ACM Neto acredita que Batista seja um "laranja", ou seja, alguém que operava a serviço de outras pessoas. Aparentemente, ele ficou com R$ 700 mil nas operações com a BM&F, que resultaram em ganhos de R$ 7 milhões entre 2000 e 2005.
O depoente admitiu a existência de um contrato de R$ 10 milhões entre a Guaranhuns e Marcos Valério, mas afirmou que não conhece o empresário. Batista reafirmou o que havia dito na extinta CPI do Mensalão, que os recursos recebidos de Marcos Valério por meio da Guaranhuns foram transferidos para o PL.
Furnas
O sub-relator esclareceu que não há acordo para deixar de ouvir o diretor de Planejamento e Engenharia de Furnas, Dimas Toledo. Ele teria divulgado uma lista segundo a qual deputados do PFL e do PSDB teriam recebido dinheiro do "valerioduto". ACM Neto diz que a suposta lista, da qual consta que ele teria recebido R$ 150 mil, "é uma tentativa de intimidar, porque só aparecem nomes da oposição".
O sub-relator quer saber quem é o autor da lista, já que Toledo declarou não o ser. ACM Neto espera que, na semana que vem, seja aprovado requerimento para que Toledo e o publicitário Duda Mendonça venham depor na CPI dos Correios.