Depois do depoimento na CPI dos Bingos do motorista Éder Eustáquio Soares Macedo, testemunha-chave de que o PT teria recebido dólares vindos de Cuba, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) acusou o depoente de ter sido "blindado" pelo governo federal. "Ele foi blindado para não dizer nada que possa comprometer o ministro", disse o senador, se referindo ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O dinheiro teria chegado ao PT em uma operação complexa, relatada por dois ex-auxiliares de Palocci.
Éder Eustáquio dirigiu o carro que transportou três caixas supostamente contendo dólares vindos de Cuba para a campanha do PT em 2002. Ele admitiu ter apanhado Vladimir Poleto, ex-assessor de Palocci, no aeroporto de Amarais, em Campinas (SP), e o levado a uma churrascaria de São Paulo. Mas o motorista disse que não viu o conteúdo das bagagens de Poleto.
Em seu depoimento à CPI, o motorista confessou ter recebido acompanhamento jurídico do advogado Hélio Silveira, que atende à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT). A confissão foi feita depois de Eustáquio ser muito pressionado pelos senadores, e admitir ter mentido durante seu depoimento.
Alguns senadores, como
Magno Malta (PL-ES), acham que a CPI já tem motivo para mandar prender o motorista por desrespeito à comissão. Já Álvaro Dias afirmou que os dois assessores do Ministério da Fazenda que acompanharam o depoimento de Éder Eustáquio estariam orientando ou coagindo o depoente. Eder é motorista do Ministério da Fazenda, no Rio de Janeiro.