O vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado afirmou à CPI dos Correios que não tem conhecimento de que a instituição tenha intermediado operações das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza e do publicitário Duda Mendonça. A declaração do vice-presidente não convenceu o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Salgado foi diretor de assuntos internacionais do banco, entre 2002 e 2004, e, como tal, deveria saber que 30% dos recursos do Banco Rural estão no exterior, contestou Serraglio.
O relator disse que a comissão já tem indícios documentais de que o Banco Rural servia de intermediário em remessas ao exterior. Salgado disse ainda que uma das principais funções que tem exercido no banco nos últimos meses é a de "tentar salvar" o emprego dos funcionários da instituição, que está com a imagem desgastada.
O vice-presidente do Banco Rural presta depoimento amparado por habeas corpus, concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, que permite que ele se negue a responder a perguntas que possam servir para incriminá-lo.
Até 2004, Salgado era responsável pelo repasse ao Banco Central das informações sobre suspeitas de lavagem de dinheiro por clientes do Rural. Segundo o ex-superintendente do banco Carlos Godinho, que já depôs na CPI, a agência SMP&B, de Marcos Valério, chegou a movimentar nas suas contas volume dez vezes superior a seu faturamento, sem ter sido questionada pela diretoria da instituição financeira.