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Mangabeira vai sem nunca ter vindo

Congresso em Foco

1/6/2007 | Atualizado às 2:44

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Sylvio Costa


Nem mesmo o vice-presidente da República, José Alencar, defende mais a posse do professor Roberto Mangabeira Unger como ministro-chefe da Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, aquela que atende pela estranha sigla de Sealopra. Alencar, principal responsável pela indicação de Mangabeira, reprovou o comportamento do seu correligionário – ambos são do Partido Republicano Brasileiro (PRB) – em relação à Brasil Telecom, empresa controlada pelo Citibank e por fundos de pensão de estatais.

Como revelou na quarta-feira (30) o jornalista Guilherme Barros, da Folha de S. Paulo, Mangabeira Unger entrou com uma ação contra a BrT, no estado de Massachussetts (EUA), no último dia 30 de abril, dez dias após ter sido confirmado no ministério. Reclama o pagamento de serviços prestados entre 1º de abril de 2006 e 31 de março de 2007. Segundo o jornalista, porém, desde o final de 2005  Mangabeira não presta qualquer serviço à Brasil Telecom.

Ontem (quinta, 31), em entrevista aos jornalistas, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, de acordo com os relatos de diversas agências de notícias, sugeriu que o professor desista do cargo. O episódio salpica com algumas doses adicionais de controvérsia a trajetória pessoal e política de Mangabeira.

Baiano, 60 anos, autor de 17 livros, conhecido pelo carregado sotaque norte-americano, viveu a maior parte da sua vida nos Estados Unidos, onde se tornou professor de Harvard antes de chegar aos 30 anos. Sempre, no entanto, procurou se manter em contato com o Brasil. Bacharel em Direito e filósofo, tentou ser candidato a presidente em 2006. Chegou a aparecer na TV como pré-candidato em 2005, apresentado como “o aventureiro do bem” por Caetano Veloso, em programa do Partido Humanista da Solidariedade (PHS). A candidatura não saiu, e Mangabeira Unger acabou apoiando Lula. O resto da história, abaixo, ajuda a entender por que Mangabeira deverá ir sem jamais ter vindo.    

Por quê?

Quatro razões explicam por que o polêmico professor de Harvard não deverá tomar posse. 

A primeira é que nunca foi fácil para Lula aceitar trazer para seu ministério alguém que foi um dos seus críticos mais ácidos durante o primeiro mandato. Entrevistado pelo Congresso em Foco em maio de 2005, Mangabeira definiu o governo Lula como “uma grande mistura de covardia com incompetência” (confira). Em 15 de novembro de 2005, em artigo publicado na Folha, escreveu que "o governo Lula é o mais corrupto de nossa história”. Justificou a aceitação do cargo de ministro com o argumento de que não poderia recusar o  desafio que lhe fora proposto.

Mas mantém até hoje em sua página pessoal entrevista concedida à Folha, em 16 de março de 2003, na qual acusa o governo Lula e o PT de terem traído os eleitores ao dar continuidade à política econômica ortodoxa de Fernando Henrique (acesse). Lula só aceitou convidar Mangabeira porque seu nome foi o único que Alencar lhe sugeriu para o ministério. Sentiu-se na obrigação de prestigiar o vice.

Segunda razão: faltam padrinhos para defender a nomeação de Mangabeira. Mal visto por Lula e pela ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, também não conta com a simpatia do PT e dos demais partidos da base governista. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que no passado foi muito próximo do professor (que elaborou o programa de governo de Ciro para a campanha de 2002), não esboçou nenhum sinal em favor de Mangabeira, de quem se encontra afastado.

Terceira: o episódio da Brasil Telecom teve o efeito não de gota d’água, mas de algo como um grande vazamento de óleo na baía de Guanabara. A cúpula do governo interpretou a decisão do professor de processar a empresa como uma tentativa de aproveitar a condição de ministro recém-indicado para fazer uma exigência descabida. O ato soou especialmente estranho aos ouvidos do Planalto porque a atual direção da BrT, em outra ação no estado de Massachussetts, questiona Mangabeira pelos pagamentos que lhe foram feitos pela antiga diretoria. Segundo a já citada matéria de Guilherme Barros, o acadêmico recebeu US$ 2 milhões para representar os interesses da BrT (na condição de trustee, uma espécie de procurador nomeado para fins específicos, uma figura jurídica que não existe no Direito brasileiro).

Informações contraditórias prestadas por Mangabeira complicaram sua situação. Questionado por assessores de Lula sobre o assunto, o professor disse que já havia feito um acordo com a Brasil Telecom, que negou ter recebido qualquer proposta nesse sentido.

Finalmente, o comportamento de Mangabeira Unger inspira preocupações mais pragmáticas: se antes mesmo de tomar posse, ele já se vê às voltas com problemas, o que não poderia vir depois?

Na Sealopra, o professor cuidaria do planejamento de longo prazo do governo federal, tendo sob sua coordenação o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Núcleo de Assuntos Especiais (NAE), unidade de estudos e planejamento estratégicos que chegou a ser chefiada no primeiro governo Lula pelo ex-ministro Luiz Gushiken.

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