Ex-deputados federais do Mato Grosso acusados de ligação com a máfia dos sanguessugas, que não conseguiram se reeleger em outubro, obtiveram nomeações para cargos públicos. É o que narra a reportagem de Hudson Corrêa do jornal Folha S. Paulo deste sábado. Ricarte de Freitas Júnior (PTB-MT) assumirá o escritório de representação do governo de Mato Grosso em Brasília. "Ele afirmou ontem que aceitou o convite do governador Blairo Maggi (PR) durante reunião nesta semana da qual participou o ministro petebista Walfrido Mares Guia (Turismo)", diz o texto.
João Grandão (PT-MS) será assessor especial do petista Laerte Tetila, prefeito de Dourados, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul e Celcita Pinheiro (PLF-MT) assumiu ontem o cargo de secretária municipal de Assistência Social de Cuiabá, a capital do estado.
Os três deputados teriam recebido propina do chefe do esquema, o empresário Luiz Antonio Vedoin, em troca da apresentação de emendas ao Orçamento da União para a compra de ambulâncias.
Ricarte, segundo a reportagem, devia R$ 279.393 ao esquema por pagamento adiantado de propina. "Não fui indiciado. Acredito até que vou ser, pois todos estão sendo. Até hoje não fui chamado pela PF. Apresentei minha defesa à CPI e ao Conselho de Ética, mas não fui ouvido. Não existe nenhuma prova concreta contra mim. Absolutamente nada", afirmou o ex-deputado. O governador Blairo Maggi afirmou, que cada acusado responderá por seus atos na Justiça.
No caso de Grandão uma emenda de R$ 560 mil, Vedoin diz ter pago R$ 25 mil, por meio de depósitos na conta de dois ex-assessores. O petista nega e rebate a acusação de que um dos beneficiados com o depósito nunca foi seu assessor, e diz desconhecer que o outro possa ter recebido dinheiro. O prefeito Tetila disse ao jornal paulista que "é admirável o volume de recursos federais que vieram para Dourados através de João Grandão". "Para que esse trabalho tenha continuidade, Grandão deve assumir a pasta", completou. Já Celcita Pinheiro recebeu R$ 50 mil em dois cheques para a campanha eleitoral. "Ficou acertado que a ajuda financeira seria reembolsada pela parlamentar mediante o compromisso de apresentar emendas", disse Vedoin à CPI. Celcita também nega ligação com o esquema. O prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), afirmou que a indicação de Celcita foi, diz a reportagem, de sua "cota particular", que o Conselho de Ética inocentou a ex-deputada e que caberá à Justiça julgar a ex-parlamentar.