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Congresso em Foco
16/5/2006 | Atualizado às 10:37
São Paulo, a cidade que nunca pára, parou ontem diante da onda de medo e violência espalhada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). No quarto dia consecutivo de terror, os criminosos reduziram os ataques a bases da polícia, cessaram as rebeliões nos presídios e voltaram suas ações contra ônibus, agências bancárias e fóruns, provocando um toque de recolher informal na maior e mais rica cidade do país.
A onda de medo atingiu o comércio depois do almoço. Funcionários foram dispensados mais cedo do trabalho, mais de 5 milhões de pessoas ficaram sem transporte público na Grande São Paulo, escolas e universidades suspenderem suas aulas. Bares, restaurantes e até supermercados 24 horas deixaram de funcionar. O rodízio de carros foi suspenso. Completando o caos, o maior congestionamento do ano: 195 km às 17h30, quatro vezes a média para o horário. De sexta-feira até ontem à noite, o balanço do terror registrava 184 atentados, com 81 mortos, 49 feridos, 85 ônibus queimados e 13 agências bancárias incendiadas.
Boatos se espalharam por toda a cidade, e até o aeroporto de Congonhas chegou a ser fechado por mais de uma hora. Devido à violência, a Bolsa de Valores de São Paulo cancelou o pregão after market, realizado diariamente das 17h30 às 19h.
O pânico também chegou a cidades do interior do estado, como Campinas e Ribeirão Preto, onde o comércio fechou as portas ainda no meio da tarde. A Polícia Militar paulista atribuiu o recolhimento da população à disseminação de mensagens pela internet. "Hoje (ontem) foi o dia mais tranqüilo de todos os dias de tumulto em São Paulo. Os ataques foram centralizados em imóveis e não nas pessoas", disse o comandante-geral da PM, coronel Eliseu Eclair Teixeira Borges.
Governador recusa auxílio federal
O governador Claudio Lembo (PFL) se reuniu, no início da noite, com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que voltou a oferecer ajuda federal. Lembo agradeceu, mas mais uma vez recusou. "Estamos colocando à disposição a Polícia Federal e a Força Nacional", disse Bastos. "O auxílio do governo federal é bem recebido, mas desnecessário", agradeceu Lembo, que também dispensou a ajuda do Exército e recomendou que a população voltasse à "vida normal" hoje. "Chegamos à conclusão que o Exército nas ruas neste momento é desnecessário", disse o governador.
O dia começou com 55 presídios amotinados. A maior parte das rebeliões terminou quase simultaneamente, a partir das 16h. As rebeliões em apoio ao PCC iniciadas anteontem em presídios de Mato Grosso do Sul e do Paraná acabaram ontem. Segundo a Polícia Militar, um preso teve a cabeça cortada em motim em Campo Grande.
PCC cessa rebeliões
Segundo os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, foi o próprio PCC que determinou o fim das rebeliões no estado, assim como dos ataques a instalações policiais, fóruns, presídios, ônibus, agências bancárias e estações do metrô. Por telefone celular, líderes da facção criminosa determinaram a presos e membros do grupo que estão do lado de fora das cadeias que interrompessem a onda de violência.
Nas conversas com representantes da Secretaria da Administração Penitenciária, o PCC condicionou o fim dos ataques a benefícios a presos transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP) e à não entrada da Tropa de Choque da PM nos presídios rebelados, relata a Folha. Na quinta-feira, 765 detentos - todos membros do PCC - foram levados para a penitenciária.
Na pauta estava o banho de sol. Os presos estão trancafiados, por medida de segurança, desde a transferência. O PCC pediu que os presos levados a Presidente Venceslau não sejam submetidos ao regime de observação. Nesse sistema, usado para quem chega a uma nova penitenciária, os detentos ficam trancados e não podem receber visitas ou advogados por um período de até 30 dias.
O governo paulista nega a negociação com a organização. "Não se negocia com bandido", afirmou ontem o diretor do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), Godofredo Bittencourt.
As lideranças das facções criminosas que organizam os ataques em São Paulo também pediram às autoridades 60 televisores para assistir aos jogos da Copa do Mundo e visitas íntimas nos presídios de segurança máxima, com o fim do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Conforme relato do Estadão, a organização criminosa determinou o fim dos ataques e motins "após uma longa conversa entre o líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, três representantes do governo - um coronel da PM, um delegado e um corregedor - e uma advogada. A Secretaria da Administração Penitenciária nega o acordo, confirmado ao Estado por duas fontes do governo".
Segundo a reportagem, "a determinação para o fim dos motins foi enviada na mesma noite por meio de um 'salve geral' com o seguinte conteúdo: 'Deixamos todos cientes que as faculdades (presídios) que se encontram em nossas mãos estarão se normalizando a partir das 9 horas de amanhã, desde que nossos irmãos (líderes) já se encontrem em banho de sol em Venceslau.' Apesar de os líderes do PCC transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau permanecerem trancados nas celas, sem banho de sol, os rebelados obedeceram à determinação e puseram fim à maior rebelião simultânea do país, com a adesão de detentos de 73 presídios no estado".
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