Em matéria da repórter Janaína Leite, que a Folha de S. Paulo publica nesta terça-feira, o empresário Carlos Rodenburg, ex-sócio do Opportunity, confirma versão do acionista controlador do banco, Daniel Dantas, de que recebeu em 2003 de Delúbio Soares, então tesoureiro nacional do PT, uma solicitação para contribuir com o partido.
Segundo Rodenburg, "uns quatro meses" após a posse de Lula, Delúbio pediu "algo entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões". "Ele [Delúbio] comentou que havia um déficit lá para cobrir, em torno de 40, 50 milhões de dólares. Disse que precisava que isso fosse ajustado, saldado. E, de forma muito clara, muito objetiva, [perguntou] se nós podíamos ajudá-lo, porque era importante para ele", afirmou o empresário ao jornal.
Conforme Rodenburg, o publicitário Marcos Valério de Souza participou do encontro. Mas, acrescentou, "saía a toda hora para atender telefonemas". Ex-marido de Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas e também sócia do Opportunity, o empresário falou que o ex-sócio "não precisou de autorização" para trazer a público o episódio - inicialmente ao colunista Diogo Mainardi, da revista Veja.
Carlos Rodenburg também confirma a versão de Dantas quanto à reação do Opportunity ao pedido. Depois de ser informado a respeito, relata ele, o controlador do banco foi aos Estados Unidos tratar do assunto com o Citibank, que se recusou a pagar qualquer propina.
Rodenburg conta que, "uns 30 ou 40 dias depois" do encontro inicial com Delúbio, voltou a se reunir com o ex-tesoureiro. "Falei nosso posicionamento. Ele não deve ter gostado muito", afirmou o empresário à Folha.