O pré-candidato do PMDB à Presidência da República, Anthony Garotinho, deu hoje a primeira entrevista a jornalistas brasileiros desde que entrou em greve de fome, no domingo passado (30). Ele admitiu a jornalistas da rádio Tupi (RJ) que sua candidatura não é mais viável e que só um milagre pode salvá-la.
Até então, ele só tinha falado com jornalistas estrangeiros, porque o seu protesto dirige-se, principalmente, à imprensa brasileira, à qual ele acusa de persegui-lo.
"Eu não tenho mais ilusão. Minha candidatura, só um milagre" disse. "Atingiram o objetivo, me encheram de denúncia, anteciparam a convenção, onde vão dizer que eu caí nas pesquisas e por isso não posso ser candidato", acrescentou.
Garotinho atribuiu as denúncias de irregularidades em sua pré-campanha a uma estratégia usada por seus inimigos para destruí-lo. "Isso tudo foi armado por um triângulo formado pelos bancos, pelo presidente Lula, que sabe que se eu for candidato ele não ganha, e por gente de dentro do PMDB", afirmou.
Pela primeira vez, Garotinho citou nomes de outros peemedebistas que teriam interesse em armar as denúncias contra ele: os senadores José Sarney (AP),
Renan Calheiros (AL) e Ney Suassuna (PB), todos da ala governista do partido.
A greve continua
Garotinho desmentiu reportagem publicada hoje na
Folha de S. Paulo, anunciando o fim da sua greve de fome. Segundo o jornal, assessores diretos do ex-governador do Rio teriam dito que a intenção dele em encerrar nesta sexta-feira o protesto era muito forte. Mas nesta manhã, ele reafirmou sua intenção em prosseguir com a greve.
As denúncias divulgadas pela imprensa contra Garotinho revelaram contratos irregulares firmados entre o governo do Rio de Janeiro - do qual a mulher dele, Rosinha Matheus, é administradora - e ONGs que fizeram doações para a pré-campanha dele, totalizando cerca de R$ 650 mil. Ele também teria recebido dinheiro de empresas fantasmas, sediadas em endereços inexistentes.