Se o orçamento for aprovado na próxima semana, o governo terá apenas maio e junho para realizar novos empenhos previstos para este ano. Segundo o relator da proposta orçamentária de 2006, deputado Carlito Merss (PT-SC), a demora da votação no Congresso deixará ao governo apenas dois meses para fazer convênios com estados e prefeituras para a construção de obras. O prazo é imposto pela lei eleitoral, que proíbe novos empenhos às vésperas da votação.
"O governo teria praticamente dois meses para administrar o orçamento", disse Merss. "A não aprovação do orçamento está prejudicando o povo, as prefeituras, as entidades, os estados, porque não dá para repassar dinheiro no período eleitoral".
Para Carlito Merss, é normal que o governo tenha que recorrer a medidas provisórias ou outros mecanismos para "tocar o dia-a-dia". Segundo ele, não dá para confiar na oposição para aprovar o orçamento por acordo.
"Percebo que o que está em jogo é um embate contra o governo. Acredito que a vontade do PFL e do PSDB é não votar e passar para a população que o governo é que não quer votar o orçamento. Ou a gente faz um embate duro chamando a base governista para votar ou não se vota o orçamento", afirmou o relator.
O líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), rebateu Merss, afirmando que o orçamento ainda não foi votado porque o governo não quis.
"O governo não teve vontade política de aprovar o orçamento. Acho que está na hora de votar. Se o governo tivesse trabalhado com afinco, como fez na última semana, já teria aprovado", disse Aleluia. "Quando ele quer aprovar alguma matéria ele coloca a maioria e aprova. Não é a oposição que tem que aprovar. Nós temos é que discutir", alegou.
O líder observou que ainda existem pendências a serem acertadas e que a oposição vai trabalhar para votar a proposta na semana que vem.