O governo federal ainda não sabe que estratégia vai usar na votação do relatório final da CPI dos Correios, prevista para a próxima terça-feira. A oposição admite alterar alguns pedidos de indiciamento. O PT não concorda com a tese de que o mensalão existiu.
O ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, prega mudanças pontuais no texto do relator, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Já o ministro da Articulação Política, Tarso Genro, e o ex-chefe da pasta,
Jaques Wagner, querem que os petistas apresentem um parecer alternativo.
Wagner é o que defende a tática com mais veemência. Ele foi acusado, no texto de Serraglio, de ter intermediado a assinatura de um contrato da empresa GDK com a Petrobras e prometeu processar o relator por calúnia e difamação.
"Minha filha efetivamente trabalha lá e eu recebi, dentro da normalidade, contribuição da GDK. Daí intuir que eu beneficiei a GDK é uma ilação. Eu não sei de onde ele tirou isso, eu nunca negociei nenhum contrato da GDK com a Petrobras", disse Wagner.
O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), já avisou que seu partido vai apresentar um voto em separado. Ele defende que não há como dizer que o valerioduto foi abastecido com recursos públicos. "As contas do Marcos Valério tinham muitas fontes diferentes, públicas e privadas. Não há como saber quem depositou para o esquema", disse o parlamentar.
Na quinta-feira, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), tentou conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para atender parlamentares que apóiam o texto de Serraglio. A intenção era fazer Lula convencer os petistas a abrirem mão de um relatório paralelo e sugerir mudanças pontuais.
O senador, no entanto, foi recebido pelo Ministro da Justiça, do qual recebeu apoio. Bastos concordou com a mudança somente em alguns trechos principalmente porque o documento poupou Lula, afirmando que não há provas de que foi omisso no caso mensalão.