Um fato inusitado ocorreu com o ex-ministro e deputado José Dirceu (PT-SP) às vésperas de ser julgado pela Câmara. Quando deixava o plenário, rumo ao Salão Verde, Dirceu levou duas bengaladas de um senhor com aproximadamente 60 anos. Depois de bater com o objeto na cabeça do parlamentar, o agressor inexplicavelmente berrou: "Cristão, cristão". Os golpes não feriram o deputado.
O homem de barba e cabelos brancos, ainda não identificado, estava desde às 13h no Salão Verde da Câmara dos Deputados de terno e gravata. Logo depois do incidente, foi detido em seguida pela Polícia Judiciária e presta depoimento neste momento. Ele não quis falar com a imprensa. O deputado
Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) tentou interceder pelo agressor. Pediu ao primeiro-secretário da Casa, Inocêncio Oliveira (PL-PI), que orientasse à Polícia Judiciária a soltá-lo. Mas a reivindicação não foi atendida.
No momento do golpe, Dirceu deixava o plenário para conversar com jornalistas. Afirmou estar "tranqüilíssimo" para a votação de amanhã, quando o Plenário vai examinar o relatório do Conselho de Ética que pede a cassação do petista. Depois, mudou o tom: "Mais uma agressão contra mim. É inaceitável o que aconteceu. Nada me intimida. Não vou voltar atrás na minha luta". Dirceu disse ainda que a atitude do agressor mostra, de certa forma, "o ambiente de hostilidade política que acabou se criando no país". "Quando se fala em surrar o presidente da República, quando se diz que o presidente é um bandidão, cria-se um caldo de cultura de que o país não precisa".