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Congresso em Foco
19/10/2005 | Atualizado às 9:48
Diego Moraes
Era para ser um depoimento tranqüilo, a julgar pela platéia formada por um parlamentar e meia dúzia de jornalistas. Mas o ex-assessor dos Correios Fernando Leite de Godoy conseguiu chegar à sub-relatoria de Contratos da CPI que apura irregularidades na estatal como testemunha e deixar o Congresso na condição de investigado, a um passo de ser preso e com um inquérito policial nas costas.
A CPI dos Correios solicitou à Polícia Federal que investigue o ex-assessor por falso testemunho e subtração de documentos. Durante o depoimento, Godoy afirmou que, assim como toda a diretoria dos Correios, teve acesso a um documento confidencial da Procuradoria Geral da República - o depoimento do ex-diretor de Contratação Maurício Marinho. Os parlamentares querem descobrir se a fonte está dentro da comissão.
"Acredito que alguém da CPI pode ter vazado o documento confidencial para ele (Godoy)", afirmou o sub-relator, José Eduardo Cardozo (PT-SP), ressaltando que prefere aguardar o resultado das investigações para tirar conclusões. O sub-relator adiantou, porém, que vai convocar o ex-assessor para novo depoimento, desta vez na condição de investigado, e que pedirá a quebra dos sigilos bancário e telefônico dele. "Inclusive o de hoje (ontem), para saber com quem ele falava quando estava para ser preso", afirmou o petista.
Godoy quase teve prisão preventiva decretada ao demonstrar que conhecia o teor do depoimento de Marinho à PGR. Indagado sobre como teria conseguido esse documento, o ex-assessor, que antes parecia bastante seguro, ficou levemente transtornado e não soube responder a pergunta. Preferiu então ficar calado, o que é proibido a depoentes na condição de testemunha, como era o caso do ex-assessor.
"Ele não pode omitir informações, sob pena de ser preso em flagrante", informou durante a audiência o sub-relator, que, em seguida, consultou a assessoria jurídica da CPI para saber se poderia dar voz de prisão ao depoente. A sessão foi suspensa por cerca de 20 minutos. Depois que a notícia ganhou os corredores da Câmara, o plenário antes vazio encheu-se de jornalistas e parlamentares, todos na esperança de ver o primeiro depoente a ser preso desde o início da crise.
Mas as expectativas acabaram frustradas. Godoy voltou atrás e disse que havia se referido a um outro documento da PGR, que foi entregue à CPI e, posteriormente, divulgado pela imprensa. "Não pude sustentar o flagrante porque o depoente se dispôs a responder, embora a justificativa particularmente não tenha me convencido", afirmou Cardozo.
De acordo com o sub-relator, duas versões do depoimento de Marinho circularam pela secretaria da CPI dos Correios. Uma delas, resumida, foi divulgada há semanas pela imprensa e não estava assinada pelo ex-diretor. A outra, que traz o depoimento na íntegra e com a assinatura de Marinho, esteve apenas em poder dos membros da CPI. Nos dois documentos, o ex-funcionário da estatal revela vários esquemas de corrupção montados dentro da empresa e cita o envolvimento de diretores e ex-diretores.
A deputada Juíza Denise Frossard (PPS-RJ) elogiou a decisão de não dar voz de prisão a Godoy. "Reconheço a importância de afastar um flagrante quando não se há certeza", disse. Mas o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) disse que o sub-relator poderia ter sido mais duro. "Não é crime que ele tenha tido acesso ao documento, mas é crime ele negar saber do teor do documento. Nesse ponto acho que poderia se configurar um flagrante por falso testemunho", afirmou o pedetista.
Antes do tumulto, Godoy tentou por várias vezes desqualificar os dados utilizados por Cardozo durante o interrogatório. Em um dos momentos, o ex-assessor negou ser amigo do presidente licenciado do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), apesar de a quebra de sigilo do fluminense apontar 37 contatos telefônicos entre os dois. "Conversava com ele, mas amigo não era", afirmou Godoy, que faz parte da Executiva Nacional do PTB.
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