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Congresso em Foco
6/9/2005 10:37
O publicitário Duda Mendonça, em depoimento emocionado à CPI dos Correios, admitiu que recebeu recursos repassados pelo empresário Marcos Valério Fernandes para saldar dívidas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Duda disse que foi orientado pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, a abrir uma empresa em paraíso fiscal, nas Bahamas, para receber parte dos cerca de R$ 11,5 milhões que o comitê de Lula havia ficado lhe devendo. O publicitário afirmou que recebeu apenas cerca de R$ 1,5 milhão no Brasil.
Duda declarou que vendeu um "pacote" publicitário ao PT, no valor de R$ 25 milhões, para fazer as campanhas do presidente Lula, do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e dos candidatos derrotados ao governo de São Paulo José Genoino (PT) e do Rio de Janeiro Benedita da Silva. O publicitário afirmou que não viu outra alternativa a não ser seguir a orientação de Delúbio, porque enfrentava dificuldade para arcar com o pagamento dos fornecedores, que lhe batiam à porta. "Não quero ficar de santinho, hipócrita ou cínico. Ou recebia assim ou não recebia. Eu tinha contas a pagar. Ou recebia assim ou tomava o cano."
Ele afirmou que suas empresas receberam, no início de 2003, três parcelas de R$ 300 mil, por meio da agência do Banco Rural em São Paulo. No fim de abril, outras duas parcelas de R$ 250 mil foram quitadas na mesma agência. Para receber o grosso do dinheiro, cerca de 10,5 milhões, Duda abriu uma conta no BankBoston, nas Bahamas, onde recebeu recursos de várias fontes. "Todo esse dinheiro pago lá fora e aqui dentro por meio do Delúbio não foi contabilizado. Não deu entrada oficialmente em minha empresa. Porque não emitimos notas fiscais. Foi dinheiro de caixa 2. A gente não é bobo. Mas não tinha outra opção. Ou recebia assim ou não recebia", disse Duda. O publicitário contou ainda que recebeu R$ 3,8 milhões do próprio Delúbio, como pagamento pela produção de programa partidário.
Duda surpreendeu os parlamentares da CPI ao comparecer espontaneamente ao auditório no momento em que era aguardada a sua sócia, Zilmar Fernandes. Ela fez uma exposição inicial sobre o funcionamento da empresa. Em seguida, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), passou a palavra ao publicitário. Ele repassou à comissão cópias de vários faxes enviados pela SMP&B que autorizavam o repasse de recursos no exterior. Uma das instituições responsáveis pela transferência foi o Banco Rural Europa.
Zilmar e Duda esclareceram que, por orientação de Delúbio, receberam o pagamento dos R$ 11,5 milhões sem nota fiscal. O publicitário também afirmou que o PT ainda lhe deve R$ 14 milhões relativos a trabalhos de 2004, quando suas empresas coordenaram as campanhas de marketing para prefeito dos candidatos petistas em cinco capitais: São Paulo (Marta Suplicy), Belo Horizonte (Fernando Pimentel), Curitiba (Ângelo Vanhoni), Recife (João Paulo) e Goiânia (Pedro Wilson). Apenas João Paulo e Pimentel saíram vencedores das urnas.
O publicitário disse estar ciente dos riscos que corre com as revelações e que prefere pagar pelas irregularidades cometidas a ficar com problemas de consciência. "Eu realizei meu trabalho, entreguei meu trabalho, e era a única forma que tinha para receber pelo meu trabalho. Assumo os riscos de dizer tudo isso. E as responsabilidades diante da polícia e da Justiça. É a maneira que tenho de ficar em paz com a minha consciência. E de preservar minha imagem de profissional sério", afirmou. "Eu prefiro acabar logo com esse pesadelo de uma vez e assumir a minha parte de culpa com a polícia, com os senhores. E pagar o preço que for necessário. Mas ir para minha casa, com a consciência tranqüila, e beijar meus filhos", completou.
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