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Envelhecimento

A dívida invisível do Brasil com a Economia do Cuidado que recai sobre mulheres e idosos

É preciso defender políticas públicas que reconheçam o trabalho de cuidado como estratégico para o Brasil.

Manoela Peres

Manoela Peres

1/10/2025 9:00

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No Dia Nacional do Idoso, celebrado em 1º de outubro, é importante refletir sobre um conceito que precisa urgentemente ganhar espaço no debate público: a Economia do Cuidado. Quantas vezes você já ouviu essa expressão? Provavelmente poucas. Ainda pouco conhecida e difundida, ela movimenta 12,7% do PIB brasileiro, segundo a pesquisadora Hildete Pereira de Melo, da USP, mas permanece pouco contemplada nas políticas públicas.

Estamos falando de uma economia que sustenta famílias, comunidades e todo o tecido social. É o trabalho de quem cuida de crianças, idosos, pessoas com deficiência ou em situação de dependência. Uma rede de cuidados exercida tanto por profissionais da saúde, da assistência e da educação, quanto por milhões de pessoas que dedicam tempo e energia a esse papel dentro de casa. E aqui está a grande contradição: embora imenso e vital, esse trabalho permanece invisível e desvalorizado.

Na prática, sabemos que a responsabilidade recai majoritariamente sobre as mulheres. São elas que, de forma silenciosa, assumem o cuidado dos mais velhos, muitas vezes abrindo mão de oportunidades no mercado de trabalho, comprometendo sua autonomia financeira e sobrecarregando sua saúde física e emocional. Ignorar essa desigualdade é também perpetuar a ideia de que cuidar é uma obrigação "natural" das mulheres, quando deveria ser reconhecido como responsabilidade coletiva e de interesse público.

Temos urgência de políticas que valorizem o cuidado, hoje invisível e sobrecarregado sobre mulheres.

Temos urgência de políticas que valorizem o cuidado, hoje invisível e sobrecarregado sobre mulheres.Freepik

É nesse cenário que experiências locais ganham importância. Em Saquarema (RJ), por exemplo, desde 2023 funciona o Centro Dia para Idosos, apelidado de "creche dos vovôs". Durante a nossa gestão na prefeitura implantei essa proposta em que, durante o dia, os idosos participam de atividades de jardinagem, artesanato, coral, pilates, exercícios físicos, passeios culturais e momentos de convivência. No fim do expediente, retornam para suas casas, preservando os vínculos familiares. Esse modelo tem permitido qualidade de vida aos idosos e tranquilidade para as famílias.

Os resultados falam por si. Em apuração da Secretaria de Saúde de Saquarema e do Centro Dia, foi apontado que 92% dos idosos relataram melhora na coordenação motora e criatividade; 85% reduziram o isolamento social; e 65% tiveram queda no índice de internações hospitalares. Isso significa menos custos para o sistema público de saúde e mais dignidade para quem envelhece.

O que quero trazer aqui é um convite: que a Economia do Cuidado saia do campo da invisibilidade e seja reconhecida como eixo estratégico para o desenvolvimento do país. Não basta celebrar o idoso com homenagens, é preciso estruturar políticas que deem suporte a quem cuida e a quem precisa de cuidado.

Cuidar é um ato político, econômico e social. Envelhecer com dignidade depende de enxergar o cuidado com um olhar sensível e estruturá-lo em políticas públicas eficientes. Depende, sobretudo, de rompermos com a lógica que sobrecarrega as mulheres, para construir uma rede de proteção coletiva capaz de garantir o futuro que todos desejamos. Afinal, mais cedo ou mais tarde, todos nós chegaremos a essa etapa da vida e certamente vamos querer encontrar um Estado que nos olhe com carinho, respeito e responsabilidade.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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