Com meia hora de atraso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe neste momento, no Palácio do Planalto, cerca de 65 deputados da bancada petista da Câmara. Desse total, sete deputados enfrentam processos de quebra de decoro parlamentar por suposto envolvimento no esquema de repasses de recursos financeiros montado pelo empresário Marcos Valério. Participam ainda do encontro os ministros Jacques Wagner (Relações Institucionais), Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil). Em quase três anos de governo, é a primeira reunião do trabalho do presidente com a bancada do PT.
Antes do início da reunião, havia rumores de que o encontro serviria para selar o destino político de seis dos sete deputados passíveis de cassação. Os deputados João Magno (MG), João Paulo Cunha (SP), José Dirceu (SP), José Mentor (SP),
Josias Gomes (BA), Paulo Rocha (PA) e Professor Luizinho (SP), presentes à reunião, são acusados de envolvimento no mensalão, e podem ser cassados. O partido teria fechado acordo entre seus integrantes para que todos os acusados, exceto o ex-ministro José Dirceu, renunciem aos mandatos. Em troca, o PT permitiria que eles concorressem novamente à Câmara nas próximas eleições. Somente José Dirceu estaria de fora do acerto, uma vez que o processo contra ele já corre no Conselho de Ética.
No entanto, o líder da bancada na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), negou o acordo entre os petistas cassáveis e a cúpula do partido, e ressaltou que o assunto não era prioridade da conversa. Fontana afirmou que o tema principal do encontro com Lula será a agenda legislativa do PT para o restante de 2005 e 2006, de olho na reeleição. "Vamos fazer uma avaliação do governo até agora e traçar estratégias para a pauta de votações, inclusive para a reeleição do presidente", disse o líder petista.
Essa é a primeira de uma série de reuniões de Lula com diversas bancadas de partidos na Câmara. O presidente deve se reunir em breve com os pedetistas, que, embora no momento não façam parte da base de apoio do governo, já caminharam juntos com Lula e os petistas.