Em entrevista concedida ao jornal francês Le Monde, publicada ontem, o presidente Lula declarou que o PT pagará pelos erros que cometeu. Durante a entrevista, o presidente foi questionado sobre as lições que extraiu da crise do mensalão, disse que "é preciso distinguir entre os erros cometidos (...) e os crimes que os adversários do PT atribuem a ele". Na avaliação de Lula, o desfecho dos casos ainda depende de decisão da Justiça, mas acredita que "boa parte" dos envolvidos será absolvida.
Perguntado sobre os ataques promovidos pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, Lula disse que a situação da segurança pública é grave. No entanto, discordou que o plano nacional de segurança pública, uma promessa de campanha, tenha ficado no papel. Citou dados de presídios em construção, a criação de um secretariado de segurança e treinamento de policiais.
"Devemos todos, mais que buscar os culpados, assumir nossas responsabilidades e apresentar uma resposta à sociedade brasileira", afirmou. Lula criticou o governo de São Paulo, ao salientar que "o problema é que a segurança pública não depende do poder federal: no Brasil, ela é responsabilidade dos estados".
Em relação às divergências entre Brasil, Bolívia e Venezuela, contemporizou. A decisão do presidente boliviano Evo Morales de nacionalizar o gás do país, segundo Lula, "não é tão grave" e há espaço para a negociação, "caso o bom senso prevaleça". Diplomático, afirmou que prefere confiar em negociações a "ostentar retórica para impressionar o público".
O presidente Lula também falou de convergências entre as suas reformas e aquelas promovidas pelo PSDB. "Se tivesse havido continuidade, a inflação teria chegado aos 40%, e o risco-país disparado", afirmou.