O juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara de Mato Grosso, contou à CPI dos Bingos como uma ação conjunta da polícia, da Receita, do Judiciário e do Ministério Público conseguiu desmantelar uma grande máfia com origem em Mato Grosso, comandada por João Arcanjo Ribeiro, conhecido por "comendador", que tinha transações em outros estados e em países da Europa, América do Sul e América do Norte. Segundo o juiz,a organização tinha um patrimônio de R$ 900 milhões, apurado no período de 1996 a 2002.
A máfia tinha um verdadeiro poderio, com propriedade de bancos e casas de jogos, atividades empresariais, prática de atividades ilícitas a partir do jogo do bicho, máquinas caça-níqueis, cassinos, operações de lavagem de dinheiro, controle de atividades no mundo político e no estado, relatou o juiz. O "comendador" foi condenado a 49 anos de reclusão, e ainda responde a outros processos judiciais.
Em um ano, foram registradas dez mortes violentíssimas em Mato Grosso, chacinas em vias públicas com armas militares, informou Julier, com a morte do jornalista Sávio Brandão, assassinado em frente à redação do jornal onde trabalhava. Os tiros foram disparados pelo cabo Hércules e pelo soldado Célio Alves, da Polícia Militar.
O juiz contou ainda que as operações milionárias da máfia estenderam-se a empresários, prefeitos, governadores, senadores, "que mantinham relações estranhas com o comendador". "Todos passaram a comer na mão do comendador", afirmou o juiz.