Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Exclusivo
Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Edson Sardinha, Lucas Neiva
10/2/2023 | Atualizado às 11:20
Aproximação de Lula com Lira deu-se porque o presidente da Câmara seria um "cumpridor de acordos". Foto: Ricardo Stuckert[/caption]
Arthur Lira foi aliado de Jair Bolsonaro, e seu partido não faz parte do governo. O governo ainda consegue enxergar ele como um aliado sólido?
Arthur tem em seu DNA, ele é conhecido aqui na Casa, como um parlamentar que cumpre acordo. Foi assim que ele se elegeu na primeira vez, mesmo não sendo o favorito para ganhar aquela eleição. Isso se tornou uma marca muito forte, é um traço característico dele. Agora, para essa última eleição, existe uma pactuação feita para a eleição dele: com a gente, com o PT e a federação, que é ele não atrapalhar o governo, ele defender pautas que sejam importantes para o país.
Como presidente da Câmara, ele segue tendo a oportunidade de opinar, fazer críticas construtivas, até porque conhecemos a personalidade de Arthur. No governo Bolsonaro, ele nunca foi de se curvar, de abaixar a cabeça. Muitas vezes a gente conseguiu mudar textos, aperfeiçoar textos, não aprovar textos. Ele vai nesse mesmo ritmo.
Ele já conversou com o presidente Lula em algumas oportunidades, estabeleceu pactos que o próprio presidente sentiu confiança. Nós sentimos confiança nele, e acho que ele vai ter o papel da independência e também de não estar travando pautas importantes para o país, não deixando de ser democrático na medida em que o colégio de líderes definir que uma matéria deve ser votada.
Como o governo avalia lidar com o PP? O partido segue não alinhado, e foi da base de Jair Bolsonaro.
É uma transição, como o presidente Lula disse antes: a eleição já passou. Se o Republicanos, por exemplo, quiser aderir ao governo, nós os receberemos de braços abertos. Temos uma excelente relação pessoal com seus deputados, e mesmo com o próprio líder Hugo Motta (PB). Com o PP não é diferente, tenho uma excelente relação com o próprio líder André Fufuca (PP-MA), com o Arthur, com o presidente Ciro Nogueira (PP-PI).
Esse não alinhamento automático é natural, faz parte da transição. Mas acho que eles já sinalizaram disposição em cooperar na votação da PEC do teto de gastos. A colaboração deles simbolizou isso fortemente. Então eu acredito que esses partidos logo estarão na base.
[caption id="attachment_559668" align="alignright" width="300"]
O perfil mais conservador de Geraldo Alckmin pode fazer do PSB porto para políticos com o mesmo perfil aderirem ao governo. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil[/caption]
Na última eleição, o PSB perdeu grande parte de sua bancada na Câmara. Existe uma estratégia para recuperar o antigo tamanho?
Existe, já temos conversas nesse sentido. Entre aqueles que querem aderir à base do governo, muitos não querem ir para o PT, avaliam como uma mudança muito radical. Eles acabam vendo essa possibilidade no PSB por ser um partido de centro-esquerda, por ter figuras conciliadoras como Geraldo Alckmin e Márcio França, e mesmo pelo perfil da nossa bancada.
Já existe inclusive sinalização de alguns deputados. Acredito inclusive que nos próximos meses a bancada poderá ganhar de quatro a seis parlamentares. Estamos sendo procurados por deputados de partidos de centro.
Entre esses deputados, alguém apoiou Bolsonaro?
Para dizer a verdade, eu nem olhei isso. Lula disse mais cedo que "não interessa quem votou em quem, agora a hora é de governar o país e quem quiser apoiar será bem vindo". Achei fantástica essa fala dele, foi um discurso de pacificação. Quem quiser construir dentro do PSB, quem quiser trabalhar com a gente na reconstrução do país, será bem vindo.
Ao longo das últimas semanas, o presidente Lula bateu muito na questão dos juros do Banco Central (BC), e vem criticando a autonomia do banco. Qual a posição do PSB quanto a isso, e até que ponto esse atrito não pode acabar prejudicando o governo?
É unânime na nossa bancada e no resto da base que os juros precisam baixar. Da forma como está, dificilmente teremos investimentos robustos que possam impactar no crescimento do país e na geração de emprego e renda. Isso é unanimidade. Já sobre a autonomia do BC, eu não vi o presidente Lula manifestando que queira alterar. Não vi esse tipo de discussão entre deputados governistas, não vi movimento da nossa parte no sentido de mexer com a autonomia deles nem por parte do ministro [da Fazenda] Fernando Haddad .
Esse assunto não está sendo pautado. A nossa pauta é sim a defesa da redução dos juros. Agora, o presidente tem o direito de fazer as observações dele, de dizer o que ele pensa. Mas, por outro lado, não vi nenhum partido defendendo juros altos, nem mesmo o Novo.
Sobre a reforma tributária, quais as chances dela passar no primeiro semestre?
Todas. Todas as chances. Todos os deputados que foram reeleitos sempre defenderam que ocorra uma reforma tributária, e todos os novos com quem eu falei também concordam. Ainda precisamos amadurecer sobre qual será essa reforma, para ver quais são os ajustes necessários. Mas já existe o consenso de que não pode haver aumento da carga tributária, e Haddad também concorda com isso.
Estamos estudando agora que formato é esse. Não existe ainda sequer um pré-projeto, mas é óbvio, inclusive o ministro comenta que o atual sistema tributário do Brasil afasta o investidor internacional. Há um cenário internacional de grandes empresas que desejam investir no Brasil, mas que graças a nossa complexidade tributária, a gente acaba os afastando.
Defendemos que, nessa reforma, quem tem uma renda baixa não pague pelo kg de feijão o mesmo imposto que um bilionário paga. Precisamos também ter esse olhar social. É injusto a pessoa que paga o alimento com o que recebe do Bolsa Família pagar o mesmo imposto de um milionário.
Uma pauta com destaque na Câmara é a medida provisória que retoma o voto de qualidade no Carf [Conselho Administrativo de Recursos Fiscais]. Na forma como está o texto, a medida tem chances de passar?
O próprio governo já sinalizou que quer dialogar e aperfeiçoar o texto para alcançar uma forma ideal, é algo que estamos estudando. O que não pode, ao nosso ver, é manter como estava. Dos 100 mil processos que estão sendo julgados, 112 correspondem a R$ 600 bilhões de pouquíssimas empresas. Não dá para o contribuinte jogar pelo empate enquanto empresas bilionárias não são vistas por um caminho de entendimento.
O próprio setor produtivo e os empresários já tem sinalizado o interesse em mudar esse formato. Da nossa parte, defendemos que isso precisa mudar. Estamos estudando a melhor forma, e o próprio ministro Haddad também tem pensado em como chegar a esse consenso.LEIA MAIS
SEGURANÇA PÚBLICA
O novo PL Antifacção: o que Derrite mudou no texto após as críticas
Cidadão brasiliense