Diante das novas revelações sobre o episódio da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que denunciou o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, a oposição tem como novo alvo o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Dois assessores de Bastos foram procurados por Palocci para que a Polícia Federal investigasse a conta bancária do caseiro: o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg e o chefe de gabinete do ministro, Cláudio Alencar. Goldberg teria, inclusive, testemunhado a entrega dos extratos da conta de Francenildo a Palocci, na casa do ex-ministro. Goldberg e Alencar negam, todavia, qualquer conhecimento sobre o fato.
Ontem PFL, PSDB e PPS insistiram que a violação do sigilo do caseiro foi uma decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva como um todo e teve, no mínimo, a omissão de Bastos.
"As informações de envolvimento de assessores do ministro da Justiça na quebra do sigilo mostram que há corrupção sistêmica no governo", disse o líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
"Perderam o respeito, perderam a vergonha ao falar do ministro da Justiça. Estão com o mesmo modus operandi que tiveram com o Palocci. Passam meses falando bem do ministro e de repente vão ao ataque", ressaltou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).
Na quarta-feira, o PPS apresentou um requerimento pedindo a convocação de Bastos para dar explicações ao plenário da Câmara. O depoimento precisa ser colocado em pauta pelo presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e aprovado por maioria simples.
O senador Efraim Morais (PFL-PB), presidente da CPI dos Bingos, afirmou que a comissão vai avançar nas investigações sobre o caso. Mas, por ora, só há planos de convocar o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso para depor.
"Ele (Mattoso) é uma fonte importante para contar toda essa história. Ainda não concordo com a convocação do Palocci. Só vou pensar nisso depois que ele falar na Polícia Federal", disse Efraim, referindo-se ao depoimento do ex-ministro marcado para quarta-feira na PF.