Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
EM BUSCA DA IGUALDADE DE GÊNERO
Congresso em Foco
24/6/2025 12:50
O plenário do Senado deve votar nesta terça-feira (24) o projeto de lei que estabelece uma cota mínima de 30% de mulheres nos conselhos de administração de empresas estatais. A proposta, de autoria da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), já foi aprovada na Câmara dos Deputados e recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado ainda no ano passado.
O texto altera a Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976) e a Lei das Estatais (Lei 13.303/2016) e tem como objetivo aumentar a participação feminina nas instâncias de comando das empresas controladas pelo poder público.
A proposta também autoriza o Poder Executivo federal a criar programas de incentivo para que companhias de capital aberto optem voluntariamente por adotar a mesma política de reserva de vagas.
Carta pública
Uma carta pública (leia a íntegra), organizada pelo Movimento Pessoas à Frente e pelo Grupo Mulheres do Brasil, reuniu mais de 600 assinaturas de líderes empresariais, executivas e representantes da sociedade civil e do setor público em apoio à proposta. Entre as signatárias estão nomes como Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza), Janete Vaz (Grupo Sabin), Maria Elizabeth Rocha (ministra do STM) e conselheiras de grandes empresas como Eletrobras, Shell, Casas Bahia e Renner.
O documento destaca a urgência de enfrentar a sub-representação feminina em cargos de decisão estratégica. Atualmente, apenas 15,2% dos conselhos executivos das 100 maiores empresas da bolsa são ocupados por mulheres, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Nas estatais, o cenário é igualmente desigual.
Na Petrobras, por exemplo, elas representam apenas 18% do Conselho. Dos 11 integrantes, apenas a presidente da estatal, Magda Chambriard, e a representante dos funcionários, Rosangela Buzanelli Torres, participam do colegiado que define os rumos da companhia.
A carta reforça que "equidade não é só justiça, é inteligência estratégica" e lembra exemplos internacionais de sucesso, como França e Noruega, onde leis semelhantes ajudaram a ampliar rapidamente a presença feminina em conselhos.
O que prevê o projeto
Se aprovado, o projeto exigirá que ao menos 30% das cadeiras de membros titulares dos conselhos de administração de estatais sejam ocupadas por mulheres. O percentual será aplicado a empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias de todos os níveis da federação, União, estados, Distrito Federal e municípios.
Além disso, dentro dessa cota mínima, o projeto estabelece que 30% das vagas reservadas para mulheres sejam preenchidas por mulheres negras ou com deficiência. O reconhecimento como mulher negra será feito por autodeclaração.
Implementação gradual e fiscalização
O texto prevê que a nova composição dos conselhos seja feita de forma gradual, ao longo das três primeiras eleições para o colegiado após a sanção da lei: 10% no primeiro ano; 10% no segundo; e 10% no terceiro.
Para garantir o cumprimento da medida, o projeto determina que os conselhos de administração ficarão impedidos de deliberar qualquer assunto enquanto a cota não for observada. A fiscalização será responsabilidade dos órgãos de controle interno e externo de cada empresa.
Outro ponto da proposta é a exigência de relatórios anuais sobre políticas de equidade de gênero nas empresas estatais, que deverão ser publicados como parte das obrigações de transparência.
Constituição e ações afirmativas
O relatório da CCJ, assinado pela senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO) e pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), defende a constitucionalidade da proposta. O parecer cita decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconhecem a validade de ações afirmativas voltadas para garantir igualdade de gênero na administração pública e em empresas estatais.
Segundo o texto aprovado na comissão, a iniciativa atende aos princípios constitucionais da isonomia, da igualdade material e da não discriminação, e busca corrigir o atual desequilíbrio de gênero nos espaços de liderança das estatais.
Se for aprovado nesta terça-feira sem modificações, o projeto seguirá para sanção presidencial. Caso o Senado faça alterações no texto, a matéria precisará voltar à Câmara dos Deputados para nova análise.
Tags
Temas
LEIA MAIS
Direitos Aéreos
EM RESPOSTA AO SUPREMO
Senado defende regras da Lei do Impeachment para ministros do STF
NA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS
Lula celebra 95 anos do MEC com caminhada e alfineta Bolsonaro