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RETALIAÇÃO INTERNACIONAL
Congresso em Foco
6/8/2025 | Atualizado às 10:58
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que continua atuando junto a autoridades norte-americanas para ampliar as sanções contra o Brasil, após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, "há um sacrifício a ser feito" para enfrentar o que chama de "ditadura de toga" comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O parlamentar revelou que sua permanência nos Estados Unidos tem como objetivo pressionar por uma "anistia ampla, geral e irrestrita" aos envolvidos nos processos relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Ele também sinalizou que só deixará os EUA se tiver "100% de vitória", o que significaria a saída de Moraes do STF e o fim das ações judiciais contra Bolsonaro e aliados.
"Se eu retornar, sei que vou ser preso. Primeiramente, tenho que tirar o Alexandre de Moraes dessa equação, anular ele, isolá-lo. A gente tem que aprovar uma anistia para que alcance todos os perseguidos por Moraes. Os meus planos aqui são: ou tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio. É o que eu estou assumindo, estou aceitando esse risco, porque eu acho que vale a pena."
Apesar do impacto econômico negativo do tarifaço imposto pelos EUA - que pode reduzir em até US$ 54 bilhões as exportações brasileiras, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) - Eduardo afirmou que "tem valido a pena" a postura de Donald Trump e reforçou seu apoio à medida: "Dou graças a Deus que ele voltou suas atenções para o Brasil. Acho que tem valido a pena". Na semana passada Trump decretou a taxação de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida entrou em vigor nesta quarta-feira e afeta substancialmente a economia nacional.
Sobre críticas do agronegócio, setor fortemente afetado pelas tarifas, o deputado disse não ter recebido reclamações: "Até agora nenhum fazendeiro ou produtor agrícola me ligou para dizer que eu deveria parar com as minhas ações. Pelo contrário. Tenho recebido parabéns e tido muito apoio nas redes sociais".
Eduardo também confirmou que está trabalhando pela ampliação das sanções. "Trabalho sim, neste sentido. Estou levando a prisão ao conhecimento das autoridades americanas e a gente espera que haja uma reação."
O parlamentar afirmou que líderes do Congresso brasileiro, como Hugo Motta e Davi Alcolumbre, podem ser alvo de represálias americanas. "As pessoas que estão em posição de poder têm responsabilidades e estão sendo observadas pelas autoridades americanas. Todos eles estão no radar", afirmou.
Questionado sobre como manterá seu mandato fora do Brasil, Eduardo disse que apresentará ofício à presidência da Câmara denunciando perseguição política. "Vou apresentar e, se eles decidirem por não reconhecer os meus argumentos, será mais uma demonstração de que eu sou vítima desse sistema. Posso garantir que eu não vou renunciar."
Sobre as eleições de 2026, Eduardo admitiu que pode disputar a Presidência, caso Jair Bolsonaro esteja inelegível e o apoie. "Se, nesse cenário, Jair Bolsonaro quiser me apoiar, eu sairia candidato a presidente da República."
O deputado ainda comentou as divergências com expoentes da direita, como Tarcísio de Freitas e Nikolas Ferreira. Segundo ele, o foco deve permanecer na atuação de Alexandre de Moraes: "Prefiro nem falar muito para não dar mais pano pra manga. Não é o foco. O foco aqui é o Alexandre de Moraes e combater essa crise institucional."
A respeito do governador de São Paulo, ele disse que "cada um tire suas conclusões."
Eduardo também reafirmou sua posição contrária a qualquer tentativa de conciliação com Moraes, "Por isso que eu tenho sido muito ácido na minha crítica ao Moraes, colocando ele na prateleira de um psicopata. Não coloco nessa mesma prateleira os outros ministros do STF", declarou à jornalista Bela Megale.
Apesar disso, disse ver possibilidade de diálogo com o tribunal. "Não quero destruir o STF. Eu não quero queimar a floresta inteira. Eu não quero acabar com tudo. Estou utilizando um passo a passo para pressionar as autoridades a recobrar a consciência."
Questionado sobre sua situação financeira, confirmou a ajuda do pai. "Ele fez uma transferência para mim de R$ 2 milhões e isso não é crime nenhum. Ele desejava ajudar o filho num momento depois de meses aqui em exílio, nos EUA", disse.
E também respondeu sobre o tipo de visto que possui: "O que posso dizer é que eu e minha família temos condição de ficar legalmente aqui nos EUA durante um bom tempo. Meu visto é algo que não me preocupa."
O deputado afirmou que mantém interlocução frequente com nomes do Partido Republicano e visita "quase toda semana" a Casa Branca. Ele citou reuniões com parlamentares e com o ex-estrategista de Trump, Steve Bannon. "Bannon não está dentro do governo, mas conhece todo mundo. Já participou do primeiro mandato de Trump, da sua estratégia eleitoral de 2016. Ele vive nesse meio político, conhece as pessoas, sabe dos temperamentos, sabe como falar com cada um e tem ajudado bastante dentro desse nível de soft power."
Por fim, minimizou os dados do Datafolha, que apontam que 61% dos eleitores rejeitam anistia a Bolsonaro:
"Não confio em nada do Datafolha, tá? Mas, independentemente disso, é uma questão de justiça, não é uma questão de você fazer uma pesquisa popular."
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