Flávio Bolsonaro quer levar denúncias de Tagliaferro aos EUA

Após a retomada da oitiva de Eduardo Tagliaferro no Senado Federal, nesta terça-feira (2), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) colocou em deliberação da Comissão de Segurança Pública a possibilidade de encaminhar um relatório com as denúncias apresentadas pelo ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes a autoridades nacionais e internacionais.

"Eu quero colocar aqui, em deliberação na Comissão os seguintes encaminhamentos: em primeiro lugar, a elaboração de um relatório com as denúncias trazidas aqui pelo senhor Eduardo Tagliaferro, em especial contra a fraude processual de Alexandre de Moraes e quanto à atuação completamente fora do processo do procurador-geral da República, Paulo Gonet".

O senador acrescentou: "Esse relatório seria também encaminhado ao presidente do Supremo Tribunal Federal, para que analise as denúncias e avalie a possibilidade da suspensão do julgamento em curso, neste momento na ação penal dos réus do 8 de janeiro. O encaminhamento também poderia se dar ao presidente do TSE, ao presidente do CNJ, ao Conselho Nacional do Ministério Público e ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)".

Entre outras propostas em discussão, Flávio Bolsonaro sugeriu também que todas as provas trazidas por Tagliaferro fossem disponibilizadas pela Comissão às defesas dos réus do 8 de janeiro, para que os advogados pudessem adotar as providências que considerassem cabíveis.

Ele ainda mencionou que o relatório poderia ser enviado ao governo italiano, onde Tagliaferro reside, "para que se preserve a integridade física desta testemunha que se sente ameaçada", e ao governo norte-americano, "para que tomem ciência de mais violações dos direitos humanos por parte do ministro Alexandre de Moraes, para que eles tenham a ciência de mais acusações graves contra o Sr. Alexandre de Moraes e também contra o Sr. Paulo Gonet, já que também participou, segundo aqui as denúncias, desse verdadeiro comunho para uma atuação completamente fora do processo".

Nos últimos meses, a relação entre Alexandre de Moraes e o governo dos Estados Unidos se tornou sensível. Medidas adotadas por Washington, sob a Lei Magnitsky, apontam preocupações internacionais sobre possíveis violações de direitos humanos e abusos de autoridade, o que reforça a atenção sobre o possível relatório que a comissão do Senado avalia enviar ao governo norte-americano.

A oitiva de Tagliaferro ocorre em paralelo ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus do chamado "Núcleo 1" da tentativa de golpe de Estado, conduzido pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).