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ACM Neto llidera, mas viu sua vantagem reduzir-se na Bahia. Foto: Facebook/Reprodução
Líder absoluto nas intenções de voto em todos os estados da região Nordeste – região em que mantém também laços afetivos por ter nascido em Pernambuco – o ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência da República, começa a vislumbrar focos de resistência da direita na região. E os primeiros sinais vêm do Ceará e da Bahia.
Na Bahia, o candidato do União Brasil ao governo, o ex-prefeito ACM Neto, lidera as intenções de voto e há possibilidade, de acordo com as pesquisas, de vitória ainda no primeiro turno. ACM aparece nos levantamentos com mais de 60% das intenções de voto. No Ceará, o deputado federal Capitão Wagner (União-CE), também do União, aparece liderando as pesquisas. No último levantamento, feito pelo Ipespe agora em agosto, ele chega a 38% das intenções no primeiro turno.
Esse quadro é diferente do encontrado em 2018, quando todos os governadores eleitos da região tiveram relação com o palanque petista. No caso do baiano, já se fala que, depois de eleito governador e emplacando uma boa gestão, ACM Neto se tornará uma opção para a Presidência da República nas próximas disputas.
“É importante destacar que a direita brasileira, a direita tradicional, os liberais, com relação a economia, etc e tal, essa direita está sem representante”, destacou o cientista político Antônio Lavareda ao Congresso em Foco. “Com a chegada de Bolsonaro [presidente que tenta reeleição pelo PL], essa direita que é representada pelo antigo PFL, Democratas, PSD e PSDB, foi atropelada com a chegada de Bolsonaro em 2018. E nem agora conseguiu viabilizar candidatura”, completou.
“Para eles voltarem a ser uma opção na nacional [na eleição presidencial] eles precisarão ter novos quadros. Esses novos quadros, naturalmente, vão ser extraídos do governos da safra que se elegerão nessa eleição. Então, ACM Neto, Ratinho Jr. [Paraná], Ronaldo Caiado [Goiás], se Rodrigo Garcia [São Paulo] vier ganhar a eleição, são nomes que provavelmente serão os presidenciáveis em quatro anos”, projeto Lavareda.
Antônio Lavareda, inclusive, avalia como inteligente a opção de ACM Neto de não ter candidato presidencial no estado. O candidato, em entrevistas, argumenta que tem uma ampla coligação com 13 partidos, incluindo alguns, como PDT, que possui candidatura própria à Presidência da República. Por isso mesmo, para não ir de encontro aos aliados, adotaria uma posição neutra.
“É a opção mais inteligente que ele faz [não ter candidato presidencial]. Lula tem um desempenho na Bahia parecido com que tem no Nordeste, superior a 60% dos votos. Então, ele não quer ficar na contramão da escolha de candidatos presidenciais do eleitorado que vai votar nele”, completa. Lavareda lembra a eleição de 2006, quando o então candidato do PFL, do grupo de ACM Neto, estaria eleito no primeiro turno com 56%, mas acabou perdendo no segundo turno para Jaques Wagner, do PT.
“Paulo Souto estava praticamente reeleito em primeiro turno a 10 dias da eleição e, na reta final da campanha de governador, o palanque foi nacionalizado, ou seja, a questão da eleição presidencial contagiou a intenção de voto para governador. Então, é essa a referência que ele tem provavelmente em mente que o motiva para adotar essa postura agora”, completa.