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PL Antifacção: Derrite recua e retira trecho sobre competências da PF

Relator anunciou que vai retirar trechos de seu substitutivo que geraram resistência do governo.

11/11/2025
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Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (11), o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança Pública de SP e relator do projeto de lei 5.582/2025, que regulamenta o combate ao crime organizado, anunciou que vai retirar de seu texto o trecho que trata das competências da Polícia Federal (PF) na condução de operações junto às forças estaduais. Ele também vai afastar a equiparação entre facções criminosas e grupos terroristas, criando no lugar um tratamento jurídico próprio aos faccionados.

O relator apresentou anteriormente duas versões do texto, ambas com resistência do governo. A primeira condicionava operações conjuntas entre a PF e polícias estaduais ao aval dos governos locais. O governo alegou inconstitucionalidade, afirmando que a condição invade competências da União e mina a autonomia da PF. Na segunda versão, exigiu apenas a comunicação prévia ao governo estadual, proposta que também enfrentou resistência do Exetuviso.

Derrite propõe criação de regime jurídico próprio para as facções criminosas, com penas mais severas do que os crimes hediondos.Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Derrite relatou ter entrado em contato com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos, e chegado ao consenso de que seria melhor suprimir o trecho. "Não há mais o conflito de competência. O que é competência da Polícia Federal está preservado, o que é competência das Polícias Estaduais está preservado".

Novo marco legal

Outro ponto que emperrava a discussão com o governo era a equiparação de facções criminosas a grupos terroristas, o que levantou o temor de futuras sanções econômicas ou intervenções estrangeiras ao Brasil. Derrite optou por, no lugar da equiparação, transformar o projeto em um novo Marco Legal do Combate ao Crime Organizado.

Em sua nova versão, faccionados receberão um tratamento penal endurecido, superando inclusive o atribuído aos crimes hediondos. As penas previstas para envolvidos em organizações criminosas poderão variar de 20 a 40 anos de prisão, com mínimo de 70% de cumprimento em regime fechado, podendo chegar a 85% para lideranças.

O texto também prevê o envio imediato de faccionados a presídios federais, vedação de visitas íntimas e monitoramento de toda comunicação externa do preso, inclusive no contato com advogados. O substitutivo também corta o direito ao auxílio-reclusão para parentes de faccionados.

O projeto original prevê a criação de um banco de dados nacional de membros de facções. Derrite quer, no novo marco legal, ampliar a proposta, criando também bancos estaduais integrados entre si e ao da União. "Estimula-se, com esse substitutivo, a integração real entre as forças de segurança do Brasil", disse Derrite.

Resposta institucional

O anúncio de Derrite foi feito na presença do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que busca costurar um acordo entre o governo e o relator para acelerar a votação do projeto. Ele ressaltou que a matéria é de interesse suprapartidário, e que representa uma ação direta da Casa no combate às facções criminosas.

"Nós estamos, agora, criando uma lei nova, o marco legal de enfrentamento ao crime organizado no Brasil, para deixar claro o compromisso da Câmara dos Deputados com um país mais seguro e um país que responde quando a sociedade cobra por mais segurança", declarou o presidente.

Resposta governista

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), comentou em suas redes sociais sobre o recuo, visto por ele como um avanço na construção do texto. Por outro lado, não fará declarações de apoio enquanto não sair o novo substitutivo.

"Permanece nossa preocupação com os dispositivos que restringem a competência constitucional da Polícia Federal. Isso, para nós, é inegociável. Queremos ver o texto final. O recuo precisa ser total: não aceitaremos qualquer tentativa de subordinar a atuação da PF à autorização ou comunicação prévia dos governos estaduais", ressaltou.

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