Hugo Motta oficializa ruptura com Lindbergh após meses de incômodo

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou nesta segunda-feira (24) sua ruptura nas relações com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ). O anúncio se deu após meses de incômodo entre os dois parlamentares, em especial na definição de pautas e na relação com o Judiciário.

À Folha de S. Paulo, Hugo Motta afirmou não possuir "interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias". A declaração foi feita após trocas de críticas entre os dois, atrito que se aprofundou em meio aos debates do PL Antifacção: o petista cobrou reiteradamente a troca do relator, prerrogativa que cabe ao presidente da Casa.

O incômodo já existia antes da discussão do projeto: Lindbergh se tornou conhecido no Colégio de Líderes por recorrentemente acionar o Judiciário em resposta às derrotas sofridas pelo governo em plenário. Em setembro, o presidente criticou diretamente a prática. "É um direito de vossa excelência ir ao Supremo, como vossa excelência faz quase que diariamente", afirmou em plenário.

Após o anúncio de ruptura, Lindbergh se pronunciou em suas redes sociais, onde acusou o presidente de não dar previsibilidade ao governo sobre os itens inseridos em pauta. "Minhas posições políticas são transparentes e previsíveis. (...) Se há uma crise de confiança na relação entre o governo e o presidente da Câmara, isso tem mais a ver com as escolhas que o próprio Hugo Motta tem feito".

Lindbergh não representa necessariamente o Planalto, mas sim as bancadas do PT, PCdoB e PV, que possuem autonomia para definir em conjunto suas lideranças. O governo possui representante próprio, o deputado José Guimarães (PT-CE), e a articulação direta com o Congresso é de responsabilidade da ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.