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Entrevista
Congresso em Foco
25/11/2025 12:30
A deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) afirmou que a violência política e a falta de estrutura para disputar eleições continuam sendo barreiras centrais para a presença de mulheres negras nos espaços de poder no Brasil. A declaração foi feita durante entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, durante o evento "Democracia: Substantivo Feminino", realizado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O encontro ocorreu às vésperas do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado nesta terça-feira (25). A data também marca a realização, em Brasília, da Marcha Nacional das Mulheres Negras, da qual a parlamentar participará.
"Eu acho que o racismo estrutura o Estado brasileiro junto com o patriarcado e se manifesta na subrepresentação de mulheres, em especial nós mulheres negras, nos espaços de poder", afirmou Talíria.
Ela argumentou que essa baixa presença afeta tanto as agendas públicas quanto a própria segurança dessas parlamentares.
"Quando há uma subrepresentação você tem dois problemas, por um lado você subrepresenta também as pautas que são pautas da maioria do povo [...] e ao mesmo tempo você potencializa a violência, porque aquele corpo [...] não é entendido como um corpo pertencente àquela paisagem."
Para a deputada, ampliar a presença feminina, especialmente negra, nas instituições é condição para reduzir casos de ataque e fortalecer a democracia.
"A gente precisa, sem a menor dúvida, estimular a participação de mulheres na política, isso é um passo importante para a gente reduzir essa violência e caminhar para a paridade de cadeiras efetivas."
Violência poítica
Ao relatar sua experiência pessoal, Talíria afirmou que o medo de ataques é real e afasta possíveis candidatas que já são pressionadas por outras desvantagens sociais. A parlamentar citou ainda a dupla, ou até mesmo tripla, jornada de mães na política e como isso pesa sobre a decisão de seguir na disputa eleitoral.
"Eu não tenho a menor dúvida que a violência afasta as mulheres do espaço político, porque já há uma dificuldade prévia, então você tem menos financiamento, você tem uma sobrecarga no cuidado, então as mulheres fazem tudo e fazem política. Se eu já estou cansada, já estou sobrecarregada, eu vou entrar e ainda vou ser violentada, eu que tenho que cuidar dos meus filhos [...]. Então enfrentar a violência política é pressuposto para a democracia."
Coletividade
Talíria também defendeu que a democracia não se sustentará enquanto permanecer dependente da exclusão.
"A democracia, ela ou é democracia ou não é, ou ela cabe todo mundo ou ela não é democracia. E eu acho que não existe caminho que não seja coletivo. [...] Eu não vejo outro caminho senão a organização de mulheres negras nos seus territórios."
Segundo ela, essa luta já faz parte do cotidiano e precisa se traduzir em ocupação de poder. "Política é preço do pão, é preço do ônibus, é o preço da passagem", observou.
"É transformar essa coletividade, essa comunidade em ocupação efetiva do espaço de poder para garantir a consolidação da democracia brasileira."
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