Em pronunciamento oficial de Natal em cadeia nacional de rádio e televisão, nesta quarta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas indiretas a adversários políticos ao afirmar que "todos que torceram ou jogaram contra o Brasil acabaram perdendo".
Embora não tenha citado nomes, a declaração pode ser interpretada como uma referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, preso e condenado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado, e ao ex-deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que teve o mandato cassado após ultrapassar o limite de faltas ao deixar o país para tentar articular sanções contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.
"Minhas amigas e meus amigos, vencemos mais um ano. É tempo de juntar a família, renovar energias e celebrar a vida. E quando os fogos brilharem no céu, na noite do dia 31, estará encerrado um ano histórico no Brasil. Um ano difícil, com muitos desafios, mas um ano em que todos que torceram ou jogaram contra o Brasil acabaram perdendo. Um ano em que o povo brasileiro sai como o grande vencedor."
Lula disse ainda que o Brasil "voltou a ser respeitado e admirado pelo mundo", citando o recorde de visitantes estrangeiros no país e a realização da COP30. O presidente também comemorou o fim do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, adotado em agosto e revogado em novembro, que classificou como um "desafio inédito".
"Mostramos ao Brasil e ao mundo que somos do diálogo, da fraternidade e não fugimos à luta. Apostamos na diplomacia, protegemos nossas empresas e evitamos demissões. Negociamos o fim do tarifaço e ultrapassamos, agora em dezembro, a marca de 500 novos mercados para os nossos produtos. Nossa soberania e nossa democracia saíram vencedoras, e o povo brasileiro venceu."
Combate ao crime
O presidente também sinalizou maior ênfase na pauta da segurança pública, tradicionalmente associada à direita. Lula afirmou que o crime e a violência figuram entre os principais desafios do país e exaltou a Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal para combater a atuação do crime organizado no sistema financeiro.
"O combate às facções criminosas chegou pela primeira vez ao andar de cima, e nenhum dinheiro ou influência vai impedir a Polícia Federal de ir adiante", disse.
Violência contra a mulher
Lula destacou ainda que o país não pode tolerar a violência contra a mulher e anunciou que irá liderar um "grande esforço nacional" para enfrentar o problema, cobrando maior engajamento dos homens.
"Quero aproveitar este momento, também, para dizer que um povo tão gentil e capaz de produzir coisas tão belas não pode aceitar a violência contra a mulher. Vou liderar um grande esforço nacional envolvendo ministérios, instituições e toda a sociedade brasileira. Nós, que somos homens, devemos fazer um compromisso de alma. Em nome de tudo que é mais sagrado, seja um aliado", afirmou.