"Vamos ter que fazer em quatro anos o que deveríamos fazer em 40", diz Lula a Alckmin

Durante o encontro nacional do PSB, em Brasília, nesta quinta-feira (28), o ex-presidente Lula (PT) reafirmou sua aliança com Geraldo Alckmin, que concorre pelo partido como vice em sua chapa. Em seu discurso, Lula afirmou que o governo deixaria os dois ocupados demais para dar espaço a divergências. "Vamos ter que fazer em quatro anos o que deveríamos fazer em 40", disse ao seu vice. A frase é uma alusão ao presidente Juscelino Kubitschek, que se elegeu utilizando o lema "50 anos em 5" para promover seu programa de desenvolvimento, que incluía a construção e mudança da capital para Brasília. 40, no entanto, é o número do PSB. Lula também se pronunciou contra a parcela da esquerda que se opõe à sua chapa. "De vez em quando falam 'ah, mas o Lula e o Alckmin já divergiram, por que estão juntos?'. Isso se chama política. Isso se chama maturidade. (...) Nunca o país precisou tanto de nós", declarou. Na via oposta, Alckmin voltou a apontar para a motivação de sua chapa, que busca concentrar esforços para enfrentar a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve disputar à reeleição. "Nós nos defrontamos em eleições. Disputamos o mesmo cargo, o fizemos dentro da regra democrática. E hoje estamos unidos por um dever". Alckmin competiu contra Lula nas eleições de 2006, e também concorreu em 2018 contra o petista Fernando Haddad.

Críticas a Bolsonaro

Uma das questões conflituosas em sua disputa contra Jair Bolsonaro tem relação com a transposição do Rio São Francisco, obra iniciada na gestão de Lula e concluída na de Bolsonaro. O petista reafirmou a autoria da obra. "Nosso governo fez 88% das obras, o governo Temer fez 7%. (...) Ele [Bolsonaro] fez apenas 5%, e faz propaganda de como se fosse ele quem tivesse levado a água ao Pernambuco, Paraíba, (...) e todos os estados que sofriam com a seca". O ex-presidente também criticou a gestão da Petrobras durante o governo Bolsonaro, por conta da manutenção da política de paridade do preço internacional do petróleo. "O custo da Petrobras é em Real. O salário do trabalhador é em Real. (...) esse negócio de dolarizar é para juntar dinheiro, juntar dinheiro para pagar o dividendo de acionistas, sobretudo os acionistas em Nova York". Lula defendeu o investimento dos lucros da Petrobras em pesquisas. Tanto Lula quanto Alckmin se pronunciaram também diante da postura adotada por Jair Bolsonaro diante da crise econômica e das mortes provocadas pela pandemia. "É inaceitável que tenhamos um governo que despreza a vida humana. Que, enquanto o povo sofre, está fazendo motociata .. que está andando com jet ski enquanto o povo está desempregado", criticou Alckmin. Lula já acrescentou o discurso, falando da forma como Jair Bolsonaro lida com demais atores políticos. "Temos um presidente que não tem sentimento. Temos um presidente que não respeita as instituições, não respeita a Câmara, não respeita o STF. (...) Ele só conversa com os seus, só conversa com milicianos".