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Professora Luciana Panke, da UFPR
No Legislativo e no Executivo, há mulheres em postos políticos relevantes que não defendem a pauta feminista tradicional: Damares Alves no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos; Flávia Arruda na Secretaria de Governo; Bia Kicis (PSL-DF) na Comissão de Constituição e Justiça; Carla Zambelli (PSL-SP) na Comissão de Meio Ambiente; e Aline Sleutjes (PSL-PR) na Comissão de Agricultura são alguns exemplos.
Para a doutora Luciana Panke, pesquisadora e professora na Universidade Federal do Paraná, ainda que essas mulheres não patrocinem pautas feministas em sua atuação política, a presença feminina nesses cargos é relevante. Segundo Panke, “o corpo é político”, ou seja, se a mulher está ocupando um cargo de liderança, independentemente de sua ideologia, o fato dela estar nesta cadeira já “torna mais natural para a sociedade que as mulheres podem, sim, ocupar esses espaços”.
“Podemos não concordar com elas, qualquer pessoa pode discordar de suas posições, mas sempre devemos estar a favor do direito que elas têm de exercer seu mandato. De estar na posição onde estão”, diz Panke. Para a autora de obras como “Campanhas Eleitorais para Mulheres” deslegitimar o direito dessas parlamentares de estarem no poder por não concordar com seus posicionamentos fere a democracia e “acaba por fortalecer uma opressão imposta pelo patriarcado”.
“Se essas mulheres estão tendo a oportunidade de estar em cargos-chave para o governo agora, levantando essas pautas, é porque existe aquela parcela da população que está sendo representada por essas mulheres. Todos têm o mesmo direito”, afirma a especialista.
“Quanto mais mulheres nós tivermos nos cargos públicos, melhor. Não existe um perfil ideal", destaca Panke. Ela ressalta que se não houvesse políticas de acesso para essas mulheres, como a reserva de vagas e de financiamento, nem mesmo as com ideais conservadores estariam nessas cadeiras. “Então, elas são representativas. Em breve, assim esperamos, nós não estaremos discutindo a importância da mulher na política, isso não será mais novidade. A diferença de gênero faz com que o fato de ser mulher já cause comoção”.
Equidade e ideologia
O Brasil ainda é um dos países com a maior desigualdade de gênero na política do mundo. Segundo o Global Gap Report 2020 ( Relatório Global da Desigualdade de Gênero), desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial, o país ocupa a 92ª posição no ranking, atrás de países como a Etiópia (82ª), Camboja (89ª), Bulgária (49ª) e Equador (48ª). O primeiro lugar está com a Islândia, seguida da Noruega (2ª) e da Finlândia (3ª).
Para equalizar as discrepâncias de oportunidades entre homens e mulheres na política, criaram-se ações afirmativas. No Brasil, a Lei 9504/1997, em vigor até hoje, indicou a reserva (não exatamente seu preenchimento) de 30% das candidaturas dos partidos ou coligações para cada sexo em eleições proporcionais (ou seja, para vereador/a, deputado/a estadual e deputado/a federal).
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