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"Será necessário desconstruir o adversário", diz Elimar Nascimento sobre o presidente Jair Bolsonaro [fotografo] Isac Nóbrega/PR [/fotografo]
Elimar Pinheiro do Nascimento*
Por que um presidente que é chamado de irresponsável, incompetente, psicopata, errático, acéfalo, imbecil, negacionista, insano, entre outros tantos termos pejorativos por meio dos grandes meios de comunicação, mantém um alto grau de aprovação? Sem citar o termo generalizado de antidemocrático.
A oposição política ainda não entendeu onde reside o enigma do prestígio presidencial, que acaba de ter uma vitória acachapante sobre a oposição nas eleições para a direção do Congresso. Tende a menosprezá-lo. Sem entender esta questão é impossível derrotá-lo. Continuará paralisada, inoperante.
Alguns oposicionistas argumentarão que sua queda é eminente com o término dos benefícios emergenciais (será?), o crescimento do desemprego, a lentidão e inoperância no combate à pandemia, a pouca recuperação econômica, a derrota eleitoral de Trump e os desmantelos oratórios de seus ministros, para não citar os seus. Somados ao escândalo de Manaus e a derrota para Doria, em
começar a vacina.
Com a diferença de contexto (derrota de Trump e crise em Manaus), esses mesmos argumentos estavam presentes na maioria dos analistas em início de 2020. Naquele momento falava-se, inclusive, em impeachment. Como hoje. O resultado? O presidente chegou melhor posicionado no final do ano. Verdade que sua popularidade, recentemente caiu do patamar de 40% para o de 30%.
Entretanto, um número extraordinário para dois anos de pouca entrega e muitas perdas: desemprego acima de 14% e mais de 200 mil mortos pela pandemia. São números impressionantes. Seu desprezo pela pandemia e seus mortos, suas incoerências e descoordenações em tratar da maior crise sanitária que o país já conheceu, são notórias. Porém, menos de 10% o julga culpado pelas mortes advindas da pandemia, divergindo do ex-presidente da Câmara e da opinião dos grandes veículos de comunicação.
É como se o país vivesse em dois mundos distintos. Em um, o presidente é um herói, um “mito", no outro, é um vilão. Dois mundos não comunicantes entre si. Não importa se o presidente teve uma pequena queda nas últimas pesquisas, pois os números de aprovação ainda são muito altos. As respostas desenhadas até o momento sobre essa popularidade em situação tão anacrônica são pífias:
a) líder do setor conservador, majoritário na sociedade; b) sentimento anti PT dominante em setores médios urbanos; c) identificação com os termos grosseiros e valores antiquados dos brasileiros médios (machistas, racistas e violentos).
A questão é, por que outros políticos, também conservadores, não conseguiram e não conseguem atrair a simpatia da maioria dos conservadores, como Alckmin, Moro, Mandetta e Doria, por exemplo. Todos estes também antipetistas. Por outro lado, os brasileiros médios, se existe esta categoria assim desenhada, estavam presentes nas eleições anteriores de FHC, Lula e Dilma. Não pesaram nas eleições?