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Congresso em Foco
24/9/2020 14:56
Na opinião do líder da bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PT-PR), o comportamento contraditório de Bolsonaro tem objetivo claro. "Ele fala uma coisa para deixar o mercado financeiro mais feliz, para manter Paulo Guedes vivo e depois diz outra coisa para tentar manter índices favoráveis nas pesquisas sobre o governo e a possibilidade de uma reeleição", analisa.
O deputado acredita que há disputas internas dentro do governo, principalmente entre os ministros Rogerio Marinho, do Desenvolvimento Regional e Paulo Guedes. "Ao mesmo tempo que tem Rogerio Marinho defendendo a manutenção das estatais e a ampliação do orçamento público em investimentos, tem o Paulo Guedes e o mercado financeiro, que bancaram Bolsonaro, exigindo que ele privatize e entregue as riquezas nacionais para os interesses dos especuladores", avalia Verri, coautor do PL 2.715.
O deputado Zé Carlos (PT-MA), coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, também comenta o comportamento do presidente. "Bolsonaro não tem nenhuma credibilidade. Desde que se elegeu, temos vários exemplos de que ele diz uma coisa de manhã e desdiz no final do dia", afirma.
A partir da venda das subsidiárias da Caixa, Zé Carlos observa que Bolsonaro entregará para o mercado financeiro as partes mais lucrativas do banco. E que o governo pretende deixar com a Caixa Econômica somente a operação dos programas sociais para, em seguida, tentar justificar a privatização da estatal. "Como se um banco privado fosse capaz de fazer o que a Caixa faz. Não é", afirma. "Esse método é muito claro e uma estratégia para burlar decisão do Supremo Tribunal Federal", completa o deputado.
Manobra
Na análise da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5.624) ajuizada pela Fenae e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) de junho de 2019, que questiona a privatização também disfarçada da Petrobras e de outras empresas públicas, o STF decidiu que o governo não pode privatizar estatais (as chamadas "empresas-mães") sem o aval do Congresso e sem licitação, conforme determina a Constituição. Mas, a Corte também entendeu que as subsidiárias não necessitam de permissão do Legislativo para serem vendidas.
"Com esta brecha no entendimento do Supremo, o governo Bolsonaro passou a usar tal artifício para criar subsidiárias de atividades essenciais das estatais e depois vendê-las rápida e facilmente, atendendo aos interesses do mercado", destaca o presidente da Fenae.
Ato pela Caixa 100% pública
Nesta quarta-feira (23), representantes do Congresso, da sociedade civil e do movimento sindical, além de artistas, esportistas e ex-presidentes da Caixa Econômica Federal se reuniram em um Ato em Defesa da Caixa 100% pública. A ação foi coordenada pela Fenae e fez parte de uma série de mobilizações contra a privatização do banco.
Banco
A Caixa Econômica Federal é a principal operadora e financiadora de políticas públicas socais, além de geradora de emprego, renda e desenvolvimento para o país. Por meio de áreas estratégicas do banco - como Cartões, Caixa Seguradora e Loterias - a estatal oferece as menores taxas para a compra da casa própria e facilita o acesso a benefícios diversos para os trabalhadores, taxas acessíveis às parcelas mais carentes da população e recursos para o Financiamento Estudantil (Fies), entre outros.
Cerca de 70% do crédito habitacional é feito pela Caixa Econômica e 90% dos financiamentos para pessoas de baixa renda estão na Caixa. Além de moradias populares - como as do programa Minha Casa Minha Vida - o banco público também investe na agricultura familiar e nas micro e pequenas empresas.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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