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Congresso em Foco
9/9/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:32
Estou falando da educação não formal, onde as salas de aulas são as lavouras, os bairros ou comunidades rurais. A educação que constrói novos saberes a partir dos conhecimentos transmitidos de geração para geração somados com as ciências agrárias, alicerce que sermos um gigante na produção agropecuária. Esta educação é a ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural.
São 4,1 milhões de agricultores familiares em todo o país. Destes, apenas 20% recebem este serviço, tão essencial como saúde e segurança. E estes que recebem a ATER aumentaram em quatro vezes o valor bruto da sua produção por hectare/ano em relação às famílias que não recebem, segundo dados do IBGE.
Um passo importante foi a criação da Anater - Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, a esperança de novos tempos, mas falta decisão política, já que voltamos ao ano 2000, quando o governo federal tinha um orçamento de R$ 55 milhões para apoiar os Estados, em 2015 chegou-se a R$ 607 milhões, neste ano apenas R$ 51 milhões tem o Ministério da Agricultura, enquanto que os Estados garantem mais de R$ 2 bilhões para manter este serviço em mais de 5.300 municípios do Brasil e a garantia que o Extensionista rural leve a presença do Estado aos grotões deste país continente.
A Reforma Agrária, o paradoxo é imenso, são mais de 700 mil famílias, que antes eram "sem terra", hoje são "com terra", mas sem máquinas e tratores agrícolas para produzir, sem água até para consumo humano, sem estradas para escoar a produção, sem assistência técnica rural, sem energia elétrica, sem infraestrutura de saúde, lazer e principalmente sem documento da terra. E quem não tem documento da terra, além de invisível, é igual cidadão sem identidade e CPF.
As portas que seriam, e as vezes até já foram portão de entrada para políticas públicas, nos últimos anos se transformaram em corredor de concentração dos recursos, como é o caso dos financiamentos do Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, em 2015 a DAP - Declaração de Aptidão - foi a porta de entrada para 5,1 milhões de agricultores familiares acessar os 28,9 bilhões anunciados no plano safra, em 2019 apenas 2,54 milhões de agricultores tinham a DAP, mas para acessar R$ 31 bilhões, reduziu em 50 % o número de agricultores para um volume de recursos maior 7%.
As consequências de tudo isso são um campo sem gente e, os que resistem, vivem neste deserto de políticas públicas.
Por isso, a Câmara dos Deputados e Senado aprovaram um conjunto de Medidas Estratégicas para a Agricultura Familiar. Agora é a vez do Poder Executivo não faltar com sua função neste momento e sancioná-las.
Em seguida, cabe ao Congresso Nacional ajudar o executivo a construir medidas estruturantes, tais como: credito rural inclusivo, com assistência técnica e extensão rural pública, gratuita e de qualidade, acesso à terra com o programa nacional de crédito fundiário fortalecido, política de fomento para mulheres rurais, robusta política de sucessão no campo para que a juventude não tenha que continuar migrando para as cidades.
*Zé Silva é engenheiro agrônomo e deputado federal pelo Solidariedade de Minas Gerais.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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