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Empresário que se diz "agente infiltrado" da Lava Jato divulga áudio com Moro

Tony Garcia, que foi réu na Lava Jato, acusa Sergio Moro de usá-lo como "refém" na operação. Leia a transcrição do áudio

8/7/2023
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TRE do Paraná inicia nesta segunda-feira (1º) a leva de audiências das ações contra Sergio Moro, podendo resultar na sua cassação. Rudy/Agência Senado
O empresário Tony Garcia divulgou em seu perfil no Twitter no noite de sexta-feira (7) o áudio de uma conversa gravada com Sergio Moro. Na gravação (ouça o áudio e leia a transcrição mais abaixo), Garcia conversa com o então juiz da Lava Jato sobre a possível divulgação de sua condenação no processo e pede para que a repercussão não inviabilize seu trabalho no futuro. O empresário, que foi réu na Lava Jato, diz ter sido um “agente infiltrado” de Moro na Lava Jato, cumprindo demandas do juiz para gravar investigados no processo. Segundo ele, o áudio comprova as “ligações perigosas” entre os dois.  O Congresso em Foco tentou contato com o senador, mas não foi respondido. Este espaço está aberto para receber uma eventual manifestação dele. Não é possível saber a data da gravação apenas escutando o áudio. Nele, Garcia e Moro conversam:
  • Tony Garcia questiona Moro a respeito de sua eventual condenação na Lava Jato, perguntando se ela será divulgada. O juiz responde que sim, argumentando que que será cobrado por isso por Garcia ser uma pessoa “publicamente exposta”.
  • Garcia responde que “cumprir este acordo” depende de como ele está “restabelecendo” a própria vida. Também se mostra receoso com o que pode acontecer com uma empresa (“Baltimore”, na gravação) e se ela pode ser enquadrada como organização criminosa.
  • Moro responde: “Não. O que importa é o senhor”. Mais adiante, reitera: “Não vou tocar no nome da Baltimore”.
  • Garcia insiste e pede que a divulgação seja “de uma maneira que não me macule de tal maneira que eu não possa mais trabalhar”. Moro diz que ele “pode ir sossegado”.
  • No final da conversa, Tony diz que tem uma reunião com o Ministério Público para “poder botar para a frente aquilo lá ou não”. Moro diz que entraria em contato.
Leia abaixo a mensagem publicada por Tony Garcia, com o áudio disponível, e a transcrição completa do que foi conversado.
TRANSCRIÇÃO
Tony Garcia: Doutor Sergio, é o seguinte: eu preciso só lhe fazer uma pergunta para ver como vamos lidar com isso. Estou chegando nos finalmentes e uma coisa só que me preocupa. Quando for a sentença, seja ela qual for e tal, é… isso aí, o senhor vai dar publicidade nisso daí? Sergio Moro: É, veja, eu… tu é uma pessoa, assim,  publicamente exposta, né. G.: Eu era. Não sou mais. Nem concorrendo eu tô às eleições, nada, doutor Sergio.  M.: Aí assim, o que acontece… Se eu não divulgar, é… o pessoal vai ficar cobrando e tal, [segmento inaudível]. Então eu prefiro divulgar, entendeu? Informar de maneira… G.: Doutor Sergio, veja, para eu cumprir este acordo, para eu fazer tudo, eu vou depender muito do que eu tô restabelecendo da minha vida agora. A perda que causa na vida da gente esse tipo de coisa, o senhor não pode nem imaginar. M.: Eu entendo, mas eu… G.: Agora… eu só quero fazer o seguinte. Se tem uma maneira de nos sentarmos com o senhor, com o Ministério Público, nós, da defesa, tudo, de a gente ver uma maneira, doutor Sergio, que não me deixe uma coisa… a empresa, alguma coisa assim. Eu não sei como que é feito isso. Porque envolveu empresa como organização criminosa, como isso, como aquilo… M.: Não. O que importa é o senhor. G.: Isso. Não, não. Que envolvia empresa, não, citaram o nome, o Paulo Pimentel citou Baltimore, tudo… M.: Essa empresa [inaudível] G.: Isso. M.: [inaudível] G.: Essa eu sei. Nessa, quando dá… M.: Eu não vou tocar no nome da Baltimore. G.: Não vai ser tocado em nome de empresa, nada disso? Vai ser tocado no nome da minha pessoa? M.: Sim. G.: Do que foi. M.: Do que foi decidido do consórcio Garibaldi. G.: No setor de comunicação, quando é meu nome, você sabe o que acontece.  M.: Ah. G.: Vira primeira página. M.: Eu vou divulgar, esse conteúdo eu vou divulgar porque na verdade é um processo que é uma grande publicidade aí, por conta da sua exposição pública, né? G.: Perfeito, perfeito.  M.: E assim, acho que lá sendo divulgado porque… G.: É, não, e matar de uma vez, né? M.: Isso. G.: Enterrar.  M.: [inaudível] G.: Mas, doutor Sergio, vou pedir para o senhor, encarecidamente, que seja de uma maneira que não me macule de tal maneira que eu não possa mais trabalhar, para conseguir inclusive cumprir e deixar esse ônus para a Baltimore, o que eu não queria. M.: Eu vou… G.: Só isso, doutor Sergio. M.: Eu provavelmente vou divulgar uma informação sucinta [inaudível]... G.: É o que eu estou pedindo. M.: …que foi condenado… G.: Tá bom. M.: E também devo divulgar, no caso das condenações, termos… G.: Certo. M.: E provavelmente ter que botar meio público aí e falar alguma coisa, alguma coisa que a pena foi X… G.: Alguma coisa que não acabe comigo comercialmente, para eu poder continuar a trabalhar. É só isso que eu vou pedir para o senhor. M.: Pode ir sossegado. G.: Hã? M.: [inaudível] G.: [riso] Não. Eu só pretendo que, se o senhor for justo, se for tudo certo, eu só preciso continuar trabalhando para cumprir o que eu fiz até agora. E eu vou continuar e vou estar sempre do lado do que eu fiquei agora. M.: Tá bom.  G.: Tenho uma reunião com o Ministério Público. M.: [inaudível] G.: …para poder botar para a frente aquilo lá ou não… M.: Eu entro em contato. G.: Esse assunto. Entra em contato?  M.: Entro em contato. T. G.: Então tá bom. Tá ótimo. Obrigado.   Consultada, a assessoria de comunicação de Sergio Moro informou que o senador não vai se manifestar a respeito.
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