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Sergio Moro e Jair Bolsonaro, pivcôs no caso de interferência da PF no STF [fotografo]Marcos Corrêa/ABr[/fotografo]
A crise pública vivenciada nesse Natal entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro mais popular da Esplanada, o ex-juiz Sergio Moro, por trechos do pacote anticrime, foi apenas mais um dos atritos que os dois tiveram durante o ano. Os episódios, muitas vezes potencializados por tweets, dizem respeito aos comandos da Polícia Federal (PF) e do Controle de Atividades Financeiras (Coaf), além de uma possível indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF).
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Mais popular que o próprio presidente, segundo pesquisa Datafolha do começo de dezembro, a aprovação de Moro é motivo de atração e preocupação do Planalto. Por um lado, teme-se que o ex-juiz saia candidato à Presidência em 2022, o que dificultaria a reeleição de Bolsonaro. Por outro, uma chapa tendo como vice o símbolo-mor da Lava Jato facilitaria a recondução do presidente ao Palácio da Alvorada.
A ideia de ter Moro como vice, inclusive, começou a ser vocalizada por integrantes do governo nas últimas semanas. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou no começo deste mês em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo que a chapa com o ex-juiz seria imbatível.
Questionado no sábado (21) sobre o assunto, Bolsonaro afirmou que ainda é cedo para pensar em 2022, mas afirmou que Moro está no processo de se tornar político. Já na live dessa quinta-feira (26), admitiu que o ministro da Justiça pode sair candidato. Bolsonaro tentou, por sua vez, minimizar o desconforto com essa hipótese. "O Moro tem um potencial enorme. É adorado no Brasil. O pessoal fala se vai sair candidato a presidente... Se Moro vier, que seja feliz, não tem problema. Vai estar em boas mãos o Brasil", afirmou.
#IlonaNão
Os desentendimentos entre os dois começaram já no começo de 2019, em fevereiro, após a nomeação da cientista política Ilona Szabó para ocupar uma cadeira de suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), vinculado ao Ministério da Justiça.
A indicação da pesquisadora, defensora do Estatuto do Desarmamento, provocou reações nas redes sociais de apoiadores do presidente, e a hashtag #IlonaNão subiu para os trending topics do Twitter. Após uma ligação de Bolsonaro, que pediu para o ministro reconsiderar a indicação, Moro retirou a nomeação.
"Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosamente apresenta escusas", disse a assessoria da pasta na ocasião.
Presidente do Coaf
Em seguida, em agosto, o indicado de Moro para a presidência do Coaf deixou o cargo, após uma medida provisória (MP) de Bolsonaro passar o órgão do Ministério da Justiça para o da Economia.
Pouco antes de ser exonerado, Roberto Leonel, que trabalhou com Moro no caso do Banestado, havia criticado a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que acolheu um recurso do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) e interrompeu as investigações que tinham como base dados do Coaf, entre elas uma que apurava condutas do filho mais velho do presidente.