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Manifestante invade prédio da Câmara dos Estados Unidos e grita "Trump Ganhou", durante invasão ao Capitólio. [fotografo]Reprodução/C-Span[/fotografo]
Na última quarta-feira (6) o mundo acompanhou, perplexo, a invasão do Capitólio por uma horda de extrema direita. A sede do Congresso norte americano foi invadida por apoiadores do ainda presidente Donald Trump, que insuflou o vandalismo, inconformado com sua derrota eleitoral.
Como foi dito por um congressista, os EUA viveram seu dia de “república de bananas”. Poderíamos simplificar o debate aludindo à justiça poética contida no enxovalho praticado pelos asseclas de Trump contra símbolos tão caros aos norte americanos — eleições, respeito às regras do jogo, trâmites da democracia formal.
Afinal, chutar o tabuleiro para evitar o xeque-mate é prática reiterada dos norte americanos, mas não em seu próprio território. A folha corrida dos EUA em intervenções militares, invasões, bombardeios e fomento a golpes mundo afora é farta e se espraia do Vietnã ao Panamá, da pequenina ilha de Granada ao Iraque.
Na nossa América Latina, onde o intervencionismo estadunidense bate ponto com repulsiva assiduidade, é raro o país que não chora mortos de bala, fome ou tortura decorrentes dos golpes patrocinados pelo “Grande Irmão do Norte”.
Mas os democratas sinceros devem refrear a tentação de fruir o enredo do autogolpe fracassado de Trump como uma “desforra” a todas as agruras impostas pelos EUA a outras Nações. É muito mais responsável compreender e alertar que o episódio da última quarta-feira é mais um grave sintoma da patologia que parece marcar o início deste ainda imaturo século 21: a doença infantil de tratar a democracia com leviandade.
Com a democracia não se brinca—e Democracia, com maiúscula, é conquista que vai muito além de escolher governantes nas urnas.