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Congresso em Foco
3/8/2005 15:29
Ariane Holzbach* |
Para começar a explicar essa imoralidade sem tamanho, imagine que existam, digamos, dez empresas de fabricação de geladeiras no Brasil. Cada empresa tem uma mesa diretora para gerenciar os negócios, certo? Agora imagine a seguinte cena: por interesses escusos (leia-se dinheiro, ganância...), todos os integrantes das dez mesas diretoras podem se unir ou se separar, de repente, sem nenhum vínculo com o local para o qual trabalham. A produção de geladeiras vai ou não virar um samba-do-crioulo-doido? Pois bem. Agora substitua as dez empresas pelos partidos políticos e as mesas diretoras pelos integrantes de cada partido. Se, por exemplo, um candidato a presidente for do PT e tiver alianças com o PP e não com o PFL, com a verticalização, os candidatos a governador do PT terão que seguir a mesma ordem: podem se aliar ao PP, mas estarão proibidos de se juntar ao PFL. Isso é ou não completamente coerente com o que rege a ética? E é também uma forma de reforçar o partido e acabar com a problemática situação de se votar na pessoa por causa do que ela aparenta (lembra da máxima: as aparências enganam?), e não segundo as idéias que ela e seu partido defendem. Pois é exatamente contra a ética e a coerência que os deputados federais estão lutando, para variar. A proposta pelo fim da verticalização foi aceita por 27 votos contra um, pode? O único a ir contra a maré, é preciso que se diga, foi Vilmar Rocha (GO), do PFL. Partidos como o PT e o PSDB eram contra a medida, mas recuaram na última hora e fizeram o mesmo que todos os outros: foram em busca de mais poder sem ligar para os eleitores que pagam seus salários. E o PT foi quem fez mais feio: era a favor, ficou contra e, agora, voltou a ser a favor. Se você gosta de antever conseqüências, aí vai um monte delas: o promíscuo troca-troca de partidos vai retornar com fúria (lembra que tivemos deputado e vereador mudando dezenas de vezes de partido numa única semana? Bem-vindo de volta ao inferno) e absurdos como brigas homéricas de um lado e pactos inconcebíveis de outro. Imagine que seu candidato à presidência é do PSDB e este, por sua vez, odeia publicamente o candidato do PT. Pois no seu estado, o candidato a governador do PT simplesmente anda de mãos dadas com toda a cúpula do PSDB. É de enojar, não? Se você já está com ânsias, sabe por que o PT voltou atrás e resolveu apoiar a medida? Porque o PMDB, aliado de Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu-se com ele e berrou que, se a verticalização continuasse, o partido não apoiará a candidatura de Lula à presidência no ano que vem! E mais: todos sabemos que votações importantíssimas como a questão do desarmamento e a reforma tributária estão, há muitos meses, empacadas na Câmara dos Deputados. Pois em relação à verticalização, contudo, foi determinado um prazo para discussão, que está a cargo de uma comissão especial, de cerca de dois meses. E sabe por que toda essa pressa? Porque a proposta já passou com sucesso pelo Senado e ainda terá que ser aprovada por 60% dos 513 deputados. Se todos forem competentes, ela entrará em vigor antes do fim do prazo para aprovações, que é de um ano antes das próximas eleições. Pois é. Já usei meu saquinho de vômitos novamente, e o mal-estar ainda não passou. * Ariane Holzbach é jornalista e articulista. Formou-se na Universidade Federal de Pernambuco em 2004 e, atualmente, trabalha no Rio de Janeiro. |
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