A exemplo do Senado, a Câmara também deve convocar autoridades espanholas para explicarem a deportação de brasileiros, incluindo alguns que, claramente, não demonstravam ser imigrantes ilegais. Para um dos membros da Comissão de Relações Exteriores da Casa, deputado ACM Neto (DEM-BA), os parlamentares não podem ficar passivos à polêmica. Na quarta-feira (12), a CRE do Senado vai ouvir o embaixador da Espanha no Brasil.
ACM Neto disse ao Congresso em Foco que há um movimento na comissão da Câmara para pedir explicações das autoridades espanholas. “Não pode haver qualquer tipo de preconceito. É inaceitável a forma como os brasileiros estão sendo tratados”, afirmou o deputado, na tarde de hoje (8), em meio a comemorações do Dia Internacional da Mulher.
O deputado, que é o líder do DEM na Câmara, lembrou que existem fortes laços econômicos entre os dois países além das relações sociais e culturais. Brasil é uma nação irmã da Espanha. Há uma grande quantidade de espanhóis aqui ganhando dinheiro”, destacou ACM Neto.
Para o líder, o governo precisa tomar atitudes mais duras contra o governo espanhol, incluindo o próprio presidente Lula. “Temos que mostrar que o Brasil não aceita isso passivamente”, disse ACM Neto.
Mesmos rigores
Membro da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) entende que o país deve agir com firmeza. “Temos que protestar e usar os mesmos rigores para quem vem pra cá”, avaliou o senador. Para ele, a atitude do governo espanhol “foi um exagero”.
O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), acredita na tese que os espanhóis estão endurecendo com os brasileiros por conta do período eleitoral que se aproxima naquele país. “Querem mostrar à população que não toleram imigrantes que lhe tomam os empregos”, afirmou.
Mas o senador não acha que nem isso nem os eventuais brasileiros que tentar entrar na Espanha ilegalmente justificam as medidas tomadas pelos europeus. “Eles estão generalizando, assim como fazem os Estados Unidos. Há pessoas que vão fazer turismo, que têm visto, dinheiro, trabalho temporário e regular”, lembrou Raupp.
O líder do PMDB compartilha a idéia de ACM Neto e Mozarildo: defende o troco. “O Brasil tem que dar o mesmo tratamento aos espanhóis até que se chegue a uma solução diplomática”. (Eduardo Militão)