Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Controladoria-Geral da União: das tripas coração

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Controladoria-Geral da União: das tripas coração

Congresso em Foco

9/12/2014 10:00

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
O texto dessa coluna era outro, mas enquanto eu a escrevia recebi uma notícia que me fez adiar um pouco o texto anterior: o ministro Jorge Hage entregou a Dilma sua carta de demissão da Controladoria-Geral da União (CGU). O anúncio foi feito ontem (8), em Brasília, durante evento comemorativo do Dia Internacional Contra a Corrupção, data comemorada oficialmente hoje (9) de dezembro, em todo o mundo. A notícia, apesar de não tão inesperada, trouxe um aperto, um recado e um motivo a menos para comemorar a data, além de grandes preocupações. Ouso dizer que o governo perdeu seu melhor ministro. Foram poucos os momentos que pessoalmente encontrei Jorge Hage, mas quando trabalhei na Amarribo Brasil e na Abracci tive a oportunidade de trabalhar bastante com sua equipe que sempre transmitia fortemente, através de sua atuação, a missão da organização e o direcionamento que vinha através do ministro. Todos os contatos, trabalhos e parcerias que tive a oportunidade de desenvolver junto a CGU foram sempre extremamente bem conduzidos. Da Conferência Nacional de Transparência e Controle Social (Consocial) a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, dois grandes eventos que organizamos juntos, até convênios de formação cidadã para o combate à corrupção, eventos pontuais, envio de denúncias e compartilhamento de conhecimento para aumentar o nível de transparência municipal. O órgão possui uma equipe técnica muito menor do que o necessário, porém, de altíssima qualidade e com coração e disposição para fazerem o que deve ser feito. Aprendi muito com todos os servidores da CGU que conheci nesses processos, a maioria sempre sobrecarregada, respondendo e-mails de madrugada, conciliando agendas, sem horário para ir para casa. Porém, por mais dedicada que seja uma equipe ela também tem seu limite, e há algum tempo o ministro Hage alertava para as limitações que começavam a surgir e aos poucos foram se agravando. A CGU perdeu 727 servidores entre 2008 e 2014 por exoneração, aposentadoria, falecimento ou posse em cargo inacumulável, sendo que no mesmo período foi autorizado somente o ingresso de 425 novos servidores. Um relatório de 2012 reforçou o problema da falta de pessoal e a reposição insuficiente de servidores. Em 2013, se somou a esse cenário um forte contingenciamento orçamentário que afetou diretamente a execução das atividades finais do órgão, como por exemplo, o Sorteio de Municípios, uma ferramenta de fiscalização in loco. Lembro-me o quanto eu e a Rede Amarribo Brasil-IFC lamentamos o corte dos sorteios. Em cada edição deles, enquanto diversos prefeitos do país se arrepiavam com a ideia, nós sempre torcíamos para que nossas cidades fossem sorteadas para receberem a fiscalização da CGU. Sem conseguir realizar os sorteios e diversas outras atividades, a CGU foi colocada em situação de inadimplência orçamentária e financeira. Foram suspensos os serviços de copa, limpeza, manutenção predial, vigilância e ar condicionado. O departamento da Corregedoria foi fechado, o corpo diretivo transferido para o edifício-sede da CGU, e parte dos servidores seguiram realizando suas tarefas por meio de trabalho remoto. Só em dezembro de 2013 que essa situação foi normalizada e o prédio da Corregedoria voltou a ser ocupado, porém, o número de funcionários seguiu o mesmo. Já neste ano, em abril, Hage enviou uma nota técnica para a Casa Civil e para o Ministério do Planejamento expondo novamente a situação e fazendo um apelo para que fosse autorizada a convocação dos candidatos que passaram em um concurso de 2012 e que fosse percebida a "relevância das funções de controle e combate à corrupção para o governo como um todo". Na nota, Hage declarou ainda que "o esforço de fazer mais com menos atingiu seu limite" e que "o órgão está operando aquém das reais necessidades". O governo alegou que estava analisando as possibilidades orçamentárias. Restrições orçamentárias realmente existem, e é por isso que também existem prioridades, uma vez que não é possível tratar todas as áreas da mesma forma. Porém, a situação da CGU não é novidade para o governo, que vem sendo alertado há no mínimo quatro anos, e demonstra assim incoerência entre o discurso e a prática. Dilma Rousseff, durante toda a campanha eleitoral e sempre que é cobrada sobre a corrupção em seu governo, fala de boca cheia das ações da CGU, que seu governo foi o que mais investigou e puniu a corrupção, que irá criar condições para se investigar cada vez mais e que o combate à corrupção sempre foi e continua sendo prioridade em seu governo. Dilma chegou a dizer em uma entrevista que deu todos os instrumentos para a CGU atuar. Porém, não é isso que os documentos e notas técnicas que circulam pelos corredores de Brasília. A atenção dada a CGU, que representa quase nada no orçamento do governo federal, não tem sido em nada prioritária como diz a presidenta. A CGU segue com uma equipe muito menor do que o necessário, com condições de investigação e atuação limitadas e cada vez mais atribuições com as novas leis de prevenção e combate à corrupção. A relevância de suas funções de controle e combate à corrupção, como Hage tanto pediu para ser reconhecida durante os anos que esteve à frente da casa, parece ainda não terem sido percebidas pelo governo que tanto se vangloria de ter criado o órgão. Alguns estudos demonstram que é exatamente essa falta de entendimento (ou falso entendimento) o problema do Brasil. De acordo com Charles Holland, o Brasil é um dos países menos auditados do mundo. Nos EUA, há um auditor para cada 2.327 habitantes; na Inglaterra, a relação é de um para 1.316; na Holanda, um para 899. Enquanto isso, no Brasil, a relação é de um para 24.615 habitantes. Dados esses que só reforçam a necessidade de se elevar fortemente o nível de investimentos nos órgãos de controle, como a CGU, que além da parte de auditoria conta com departamentos estratégicos fundamentais não só para o combate, como para a prevenção da corrupção e a promoção da transparência pública, evitando assim desvios de recursos e maior eficiência dos gastos públicos. O cenário, portanto, é preocupante e fica ainda mais nebuloso com o pedido de demissão de Jorge Hage, que de forma corajosa guiou fortemente a CGU durante os últimos oito anos. É um 9 de dezembro triste. Seja quem for que entre em seu lugar, o desafio é enorme, não só pelo grande homem que o(a) novo(a) ministro(a) terá como antecessor, como pela incoerência entre o discurso anticorrupção e a prática, que deve ser superada com a mesma dureza com que o governo afirma ser o maior interessado em punir corruptos e corruptores. Mais sobre corrupção
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

Dilma corrupção cgu jorge hage Abracci Amarribo Brasil

LEIA MAIS

PESQUISA QUAEST

Após escândalo do INSS, avaliação de Lula estaciona em patamar crítico

CORRUPÇÃO

Acordos de leniência já devolveram R$ 10 bilhões aos cofres públicos

TRANSPARÊNCIA

Dino manda CGU fazer vistorias em estados com falhas nas emendas Pix

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

COMÉRCIO

Câmara vota fim da regra que exige acordo para trabalho em feriados

2

Piso Salarial

Comissão da Câmara aprova piso salarial para tradutores e intérpretes

3

GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Grupo de políticos brasileiros tenta sair de Israel pela Jordânia

4

TRÊS PODERES

Entenda as "emendas paralelas" que entraram no radar do STF

5

Agenda

Lula participa de Cúpula do G7 no Canadá

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES