Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Elas deram um chute no preconceito

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Elas deram um chute no preconceito

Congresso em Foco

23/6/2014 | Atualizado 2/7/2014 às 14:31

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
[caption id="attachment_159410" align="alignleft" width="285" caption="O sucesso do time ao entrar no estádio de Uberlândia completamente lotado"][fotografo]Reprodução da revista O Cruzeiro[/fotografo][/caption] Fabíola Góis Especial para a Revista Congresso em Foco   Nem o argentino Messi, nem o português Cristiano Ronaldo. Nenhum atleta recebeu mais vezes o título de melhor jogador do mundo, dado desde 1991 pela Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), do que a atacante brasileira Marta. Desde que a premiação feminina foi instituída, em 2001, a alagoana foi a única a levar cinco troféus para casa (de 2006 a 2010). Mas meio século antes de Marta conquistar o planeta com seu talento, um time de 25 pioneiras deu um drible na obscura lei brasileira que proibia as mulheres de praticarem futebol e outras modalidades de contato físico e marcou um golaço contra o preconceito. As garotas de Araguari (MG), município do Triângulo Mineiro localizado a 670 km de Belo Horizonte, foram responsáveis pela primeira grande conquista do futebol feminino no Brasil. Só não foram mais adiante porque não resistiram ao contra-ataque da discriminação. Acabaram expulsas de campo por pressão do Estado e da Igreja. O jogo rasteiro, no entanto, não foi suficiente para apagar a história que elas construíram, quebrando tabus e abrindo novas perspectivas para as mulheres no esporte. As pernas que corriam atrás da bola já não têm hoje a força e a agilidade daqueles tempos. Mas as senhoras, na faixa dos 60 e 70 anos, ainda sonham com o passado. E pensar que tudo começou com uma brincadeira para ajudar um dos colégios mais tradicionais da cidade a tirar suas contas do Vermelho. A iniciativa fez tanto sucesso que levou as garotas de Araguari a se apresentarem em dezenas de cidades mineiras, em Goiás e na Bahia. Deram o pontapé para o futebol feminino no país. Por uma causa Era 1958. A ideia inicial da diretora era que o time masculino do Araguari Atlético Clube fizesse uma partida beneficente em favor do grupo escolar Visconde de Ouro Preto. Diretor do clube, Ney Montes deu uma sugestão original: promover uma partida apenas entre garotas. Divididas em duas equipes, o Araguari e o Fluminense, as jovens entravam em campo com a missão de salvar a escola municipal Visconde de Ouro Preto. No ano em que o Brasil conquistava sua primeira Copa do Mundo, garotas de classe média da pacata cidade mineira guardaram os sapatos e os vestidos bem comportados. Partiram para as camisetas, chuteiras e calções. Não só conseguiram salvar o caixa escolar, mas também movimentar as rodas de conversa da região. O estádio lotava durante as partidas. A notícia voou até a vizinha Uberlândia, que logo convidou o time para um jogo. Principal revista do país naquela época, O Cruzeiro foi conhecer as primeiras mulheres do futebol brasileiro, publicou reportagem e deu projeção nacional às "mocinhas" de Araguari. "'Glamour usa chuteiras'", estampou a revista. Viraram celebridades. Chegaram a desfilar em carro de bombeiros em Salvador e Belo Horizonte. Em Minas, o time levou mais gente ao estádio do que o Botafogo de Garrincha, no mesmo em que o "anjo das pernas tortas" e um garoto de 17 anos chamado Pelé assombraram o mundo. Foram até convidadas a jogar no México, país que naquela época já tinha time feminino de futebol. [caption id="attachment_159421" align="alignright" width="370" caption="Hoje senhoras. as ex-jogadoras de Araguari não perderam o entusiasmo pelo futebol"][/caption] Cartão Vermelho A jornalista e pesquisadora Tereza Cristina Montes Cunha, filha do organizador do time Ney Montes, foi quem resgatou a história do time de Araguari. Ela conta que a alegria das partidas perdeu espaço para a tristeza quando as garotas foram proibidas de jogar. O sucesso fez os incomodados tirarem do baú um decreto-lei da década de 1940, que proibia mulheres de praticarem modalidades esportivas "incompatíveis" com o seu físico - o futebol era citado como uma delas. O time feminino não durou dez meses. Ainda recebeu pressão da Igreja Católica, também contrária ao envolvimento de mulheres com a prática desportiva. O decreto instituído na ditadura de Getúlio Vargas só caiu na reta final da ditadura seguinte, em 1979. No Brasil, a primeira partida de futebol entre moças uniformizadas de que se tem notícia ocorreu em 1913, entre os times de Tremembé e Cantareira (atual bairro de Santana), na Zona Norte paulistana. Mas Tereza explica que o diferencial do time de Araguari é que tinha o caráter de apresentação, com toda a estrutura de uma partida oficial de futebol. Estava ligado à Federação Mineira de Futebol. Por isso, considera-se que o Araguari é pioneiro no futebol feminino. O clube só não foi criado formalmente por causa do decreto-lei de Vargas. "Elas tinham um grande sonho, de serem jogadoras oficiais. Infelizmente foram proibidas. A maioria seguiu jogando outros esportes, como o vôlei e o handebol", afirma a pesquisadora. Cinco décadas depois, nem o sucesso individual de Marta colocou as mulheres em igualdade de condições com os homens no futebol. As principais atletas, como a própria atacante da sele- ção brasileira, precisam jogar em clubes do exterior para ganhar dinheiro. Aos 27 anos, Marta joga desde os 18 na Suécia, onde defende atualmente o Tyresö FF. No Brasil, as mulheres não têm sequer um campeonato nacional estável. A realidade nacional é de baixos salários, poucos clu- bes e falta de uma liga profissional. Veja a reportagem completa na Revista Congresso em Foco Se você não é assinante do UOL ou da revista, entre aqui e faça a sua assinatura agora Outros textos relacionados com as questões da mulher
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

pictures São Paulo Minas Gerais futebol Igreja Católica mulheres Copa do Mundo 2014 Belo Horizonte esporte FIFA Getúlio Vargas feminismo garrincha Fabíola Góis Lionel Messi Marta futebol feminino Cristiano Ronaldo Araguari Triângulo Mineiro Tereza Cristina Montes Cunha Federação Mineira de Futebol Tremembé Cantareira Santana Pelé

Temas

Reportagem Direitos Humanos

LEIA MAIS

ESPORTE

Presidente da CBF falará no Senado sobre planos para o futebol

Prazo ampliado

Comissão aprova ampliação do prazo para queixa de violência doméstica

Debate Esportivo

Comissão de Esporte vota audiência com o novo presidente da CBF

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

Tragédia

Entenda por que governo não pode custear translado do corpo de Juliana

2

Senado

Veja como cada senador votou no aumento do número de deputados

3

TRAGÉDIA

Brasileira é encontrada morta após quatro dias em encosta de vulcão

4

Prêmio Congresso em Foco

Quem mais venceu o Prêmio Congresso em Foco de 2006 a 2024

5

MELHORES PARLAMENTARES

Votar no Prêmio Congresso em Foco está mais fácil e rápido; veja

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES