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Uma piada e uma lavada de alma

Congresso em Foco

16/3/2009 7:39

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Marcelo Mirisola*

 

 

1. Igrejas

 

Tem alguma coisa fora do lugar quando um sujeito que é bispo da Igreja Católica diz que não acredita no holocausto. De duas, uma: ou o Deus dessa Igreja não existe ou esse Bispo é um nazista filho da puta.  

 

Richard Williamson, o bispo, já havia sido excomungado. O Papa Bento XVI revogou a excomunhão dele e, semana passada – devido à pressão que sofreu e ao fato de ser leitor dessa coluna – resolveu dar satisfações a seu rebanho. Ficou pior a emenda que o soneto. Eu acho engraçado: como é que um cara que foi mandado pros quintos dos infernos por um Papa que já morreu e que, em tese, segundo os preceitos da própria Igreja, é “infalível”...  de repente pode voltar do limbo falando um monte de bobagens em nome de uma religião da qual – até semana passada – eu fazia parte?

 

E o pior. Como é que tem gente que leva esses caras a sério? Por que tanta indignação quando uma besta que usa saias destampa a latrina para falar merda? O Papa e os sacerdotes da Igreja Católica – a meu ver – são tão irrelevantes e folclóricos quanto nossa monarquia. Ou será que alguém – tirando os seguidores da TFP – vai dar bola para as bobagens que o herdeiro do trono real brasileiro tem a dizer?

 

Imagino que deva existir uma seita em Itatiaia que venera pelos grisalhos de sovaco, seus clérigos acreditam que a pedofilia é o caminho para se chegar aos tesouros dos céus. A vida das criancinhas – para eles – está acima de tudo. Acima até da máquina de lavar roupas, que é uma santa dessa Igreja (essa santa faz milagres e atende pedidos exclusivamente de donas-de-casa). A doutrina deles condena o aborto, condena o homossexualismo e faz sérias restrições com relação a judeus e muçulmanos. Também acreditam num ser iluminado que foi parido do ventre de um tamanduá. O Papa dessa seita mora num condomínio fechado no Vale do Alcantilado. Na garagem de sua mansão ele tem duas BMWs, uma réplica da Demoiselle IV  e duas virgens preservadas no interior de um Land Rover. O iluminado também gosta de pescar e, às vezes, reza missas em latim. Ele é o preferido dos cantores sertanejos, usa esmalte incolor nas unhas e não escova os dentes, cultiva paradoxos e serpentes no seu jardim de orquídeas, e tem uma língua afiada e bipartida. Por baixo da batina, Sua Santidade veste uma cinta-liga amparada por ferrolhos que lhe perfuram as coxas. Alguns sacerdotes dessa excêntrica Igreja fazem voto de pobreza, outros colecionam obras de arte. A Igreja do Sovaco Grisalho tem milhares de seguidores no mundo inteiro. Aborto não se discute, se excomunga.

 

Pois bem, dia desses um arcebispo da Igreja supracitada excomungou um médico que fez um aborto e salvou a vida de uma menina de nove anos que foi estuprada pelo padrasto. Por que ninguém se escandalizou com a atitude desse arcebispo? Só porque ele não era da Igreja Católica Apostólica e Romana?  

 

Esses caras são uma piada.

                 

 

2. Futebol

 

Para que time eu torço? Vou repetir pela centésima vez. Torço para o futebol acabar. E já que minha torcida não vai surtir efeito algum, gostaria de me corrigir com relação a Ronaldinho. Não o jogador de futebol, mas o cara que ultimamente passou a levantar a cabeça, dar petelecos nos companheiros do banco de reservas e a fazer piadas nas entrevistas.

 

Queria falar de um Ronaldinho acima do peso, e mais humano.

 

Uma das coisas que mais me incomodavam no antigo “fenômeno” era o fato de ele falar aos muxoxos, olhando para baixo ao invés de encarar frente a frente as câmeras e a babação de ovos dos repórteres fofoqueiros. Desde 94 quando – ainda na reserva – ganhou a Copa mais feia da história, passando pela construção do mito, seguida da desconstrução e das cirurgias até o episódio dos travecos, sempre foi assim.  Eu pensava comigo mesmo: como é que um cara que olha para baixo, resmunga lugares-comuns, batiza o filho com o nome de Ronald e casa num Castelo com uma Cicarelli da vida, pode prestar para alguma coisa? Não me dizia nada.

 

Esse papo de garra, vontade e determinação podia servir ao ufanismo do Galvão Bueno, a mim jamais me disse coisa nenhuma. O esporte em geral não tem argumentos que me convençam. Por exemplo, a São Silvestre. Quando era noturna, tinha seu charme.

 

Agora, debaixo do sol, é uma insensatez. Pensem bem: qualquer fusca modelo 81 – se o trânsito ajudar – faz o mesmo percurso com muito mais rapidez, conforto e civilidade.  Por isso que repudiava o futebol que Ronaldinho jogava, por mais espetacular e fenomenal que fosse. Esse “futebol” seguia (e segue) a mesma lógica do Big Brother, a mesma receita da revista Caras: ou seja, transforma gente medíocre em celebridade. E o pior: celebridades que influenciam milhares de pessoas. Quantos incautos frequentam a Igreja da Bispa $onia por causa do Kaká?

 

Meus parâmetros sempre foram os “bandidos do futebol”. Aqueles que meu amigo Bortolotto queria ver na seleção: Chulapa, Casão, Sócrates, Paulo César Caju, Romário. Mas eu falava do Ronaldinho. Ele voltou não porque foi disciplinado e seguiu a receita do Galvão Bueno, ele não voltou da sessão de hidroterapia nem da aula de neurolinguística, também não foi ungido no altar de uma Igreja obscura e interesseira.

 

Ronaldinho está em grande forma, quebrando alambrados, virando jogos e fazendo gol no último minuto do segundo tempo, porque voltou da esbórnia. Isso mesmo, voltou da farra! Ele está em grande forma porque está gordo, ele é macho pra cacete porque encara três travecos de uma só vez, ele tem três filhos porque não teve nenhum com a Cicarelli, e para mim – mesmo que a sorte não o favoreça nos últimos minutos do 2º tempo – está bom demais. Só vai ficar faltando mandar o Galvão Bueno para o inferno. Se isso acontecer...  é bem capaz que eu diga – da próxima vez que me perguntarem para que time eu torço – que troquei o Palmeiras pelo Corinthians.

        

       

* Marcelo Mirisola, 42, é paulistano, autor de Proibidão (Editora Demônio Negro), O herói devolvido, Bangalô, O azul do filho morto (os três pela Editora 34), Joana a contragosto (Record), entre outros.  

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