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Horror

15/1/2014
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Emanuel Medeiros Vieira * “É uma barbárie como eu nunca havia visto”, disse Maria Laura Canineu, diretora do Humans Right Watch Brasil, sobre o vídeo em que presos do complexo presidiário de Pedrinhas, no Maranhão, comemoram a decapitação de detentos rivais. O Conselho Nacional de Justiça, várias entidades nacionais e órgãos internacionais como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, têm solicitado providências urgentes. Não é novidade. Mas mesmo para os parâmetros “aceitos” no Brasil, o que ocorre no Maranhão é demasiado! Horror! Estaremos tão anestesiados, tão entorpecidos, tão resignados? Será a vitória completa do individualismo? Mais de 62 presos foram mortos desde o ano passado, resultado de brigas entre grupos rivais, além do estupro de mulheres que visitavam os presídios. A governadora Roseana Sarney ficou indignada – ao que parece – com a divulgação do vídeo sobre a barbárie e não com a selvageria em si. A renda per capita do Maranhão, de R$360, é a pior do Brasil; 96% de seus domicílios não têm acesso adequado à rede de saneamento básico; mais de um quinto de sua população com 15 anos ou mais não saber ler ou escrever. (Enquanto isso, a governadora iria comprar 80 quilos de lagosta fresca, uma tonelada e meia de camarão e oito sabores de sorvete para abastecer a sua residência oficial e a sua casa de praia Desistiu, porque o plano foi descoberto.) Em qualquer país civilizado, haveria intervenção no presídio. Mais que isso: intervenção federal no Estado. O clã Sarney infelicita o Maranhão há meio século. Repito a indagação: estaremos todos tão entorpecidos, anestesiados, resignados? Não haverá intervenção: a governadora é da base aliada. A presidente precisa do seu apoio para a reeleição. O problema das masmorras medievais não começou hoje, eu sei. Atravessa a nossa história. Nos anos do reinado do príncipe FHC – o “Patriarca da Dependência”– também não foi feito nada, além da venda do Brasil na bacia das almas e a compra de votos para a sua reeleição. Mas uma barbaridade não justifica outra. Horror, horror, horror – repito. Como resgataremos o mínimo de humano – algum valor civilizatório? * Emanuel Medeiros Vieira, professor, jornalista e escritor, também já atuou como crítico de cinema e editor. Autor de 23 livros publicados, é detentor de vários prêmios literários nacionais. Outros textos de Emanuel Medeiros Vieira Leia mais sobre a crise no Maranhão Nosso jornalismo precisa da sua assinatura
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