Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Justiça tardíssima

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Justiça tardíssima

Congresso em Foco

24/4/2013 6:00

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Nesta semana o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou 23 dos 26 chacinadores dos detentos do segundo andar do presídio de Carandiru em 1992 a penas que, se confirmadas, resultariam em prisão fechada pelo máximo tempo aceito pela Constituição Federal. O julgamento começou e terminou numa data "apenas" 20 anos posterior aos fatos do crime. As organizações de direitos humanos do planeta, especialmente Anistia Internacional e  Human Rights Watch, se pronunciaram criticamente sobre o enorme atraso desse processo em relação à data dos fatos. Entretanto, a Anistia do Brasil também comentou que a condenação "comprova que a Justiça brasileira não admitirá abusos cometidos pelo Estado contra a população carcerária". Inversamente, em 2003, um comunicado dos pesquisadores internacionais de AI  lembrava que o Tribunal de Justiça de São Paulo era famoso pelo acobertamento e estímulo ao terror de Estado. É claro que as coisas poderiam ter mudado em dez anos, mas o fato é que não mudaram, como o prova o crime de Pinheirinho, que apenas fez um ano em janeiro. Como é bem sabido, a condenação dada pelo júri ao carniceiro principal (que depois foi misteriosamente assassinado) foi anulada pelo tribunal, em cumplicidade com o advogado defensor, que usou um argumento incrível: a intenção do júri era votar pela absolvição, mas ele se confundiu. Justiça tarde pode ser justiça, mas esta é Justiça tardíssima. Após 20 anos de liberdade, os PM de Carandiru tiveram tempo suficiente para repetir seus feitos, se bem que não saibamos exatamente o que aconteceu (só sabemos que, em média, as mortes cometidas pela PM paulista passam de 1400 por ano, contra, por exemplo 25 de Nova Iorque.) Essa condenação talvez salve a vida de algumas outras pessoas, que podiam ser alvos destes algozes, e isso obviamente é bem vindo. Ora, que isto serva de "lição" para as dúzias de milhares de matadores ao serviço do estado parece pouco provável. O Estado de SP tem o maior esquadrão da morte oficial de Ocidente e, se for contado per capita, também do planeta. A avaliação mais exata do caso foi feita pelo médico e escritor Drauzio Varella. Ele não manifesta qualquer otimismo. Dignamente, apresenta duras críticas contra o tortuoso encobrimento da chacina durante décadas, acusa de "insultar a inteligência" os que pretendem sustentar que a polícia atuou por conta própria, e diz que os principais culpáveis nunca serão punidos. Ele disse que "nunca haverá justiça" para o caso de Carandiru. O massacre, segundo era vox populi na época, era para satisfazer a sede de sangue de uma sociedade racista, neonazista e maniqueísta que deveria votar poucos dias depois nas eleições estaduais. Duas das principais cabeças do democídio morreram, mas os que ficam podem vangloriar-se da carniçaria mesmo neste suposto estado de direito. Um fato importante é o clima de provocação criada pela defesa dos carniceiros. Um defensor está aí para evitar que o réu seja acusado do que não fez, ou para que não receba uma pena maior que a legal. Mas, a defesa dos algozes fez a apologia do crime, e até estimulou o júri a aplaudir os criminosos. Por uma décima parte dessa provocação, qualquer advogado de um réu desconhecido teria sido expulso da corte. Então também os ativistas e as ONGs de direitos humanos talvez devam ser mais cautelosos ao chamar "justiça" a algo que foi apenas uma decisão forçada, porque os poderes públicos de SP precisavam lançar uma tardia cortina de fumaça. Ainda devemos ver se as condenações são confirmadas. A maioria dos países da América Latina só atua com justiça quando é pressionado pelos tribunais internacionais, e isso acontece de maneira esporádica e fraca. Outros textos sobre direitos humanos
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

São Paulo PM violência Constituição Federal TJSP carandiru Dráuzio Varella Anistia Internacional e Human Rights Watch Nova York

Temas

Direitos Humanos Segurança Pública

LEIA MAIS

Segurança Pública

Comissão aprova reintegração de trechos vetados em lei das polícias

MANIFESTAÇÃO PRÓ-PALESTINA

Ativista brasileiro desembarca em Guarulhos após prisão em Israel

ATIVISTA PRESO EM ISRAEL

Família é informada que brasileiro foi levado para deportação

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

COMÉRCIO

Câmara vota fim da regra que exige acordo para trabalho em feriados

2

Piso Salarial

Comissão da Câmara aprova piso salarial para tradutores e intérpretes

3

GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Grupo de políticos brasileiros tenta sair de Israel pela Jordânia

4

TRÊS PODERES

Entenda as "emendas paralelas" que entraram no radar do STF

5

Agenda

Lula participa de Cúpula do G7 no Canadá

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES