Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Ustra, o torturador: ontem e hoje

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Ustra, o torturador: ontem e hoje

Congresso em Foco

1/7/2011 7:00

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Luiz Cláudio Cunha*
 
O cinismo mais explícito deste cínico Brasil está expresso na cara lavada do incorrigível coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, o primeiro e único oficial do Exército brasileiro condenado pela Justiça numa ação declaratória por sequestro e tortura durante o regime militar. Com a desfaçatez habitual, Ustra aflorou na Folha de S.Paulo para reclamar de um texto de Pérsio Arida, presidente do Banco Central no Governo FHC. O chilique do coronel visava um lado pouco conhecido do economista: o passado de Arida como membro da VAR-Palmares, grupo guerrilheiro da extrema-esquerda.

Em um comovente trabalho ? Rakudianai ? que ocupou 27 páginas da edição de abril da revista piauí, Arida produziu uma das mais brilhantes e corajosas reflexões já feitas sobre a ditadura, o engajamento político, o medo, o drama e o pesadelo que dominaram o País durante 21 anos.

É uma primorosa meditação sobre os caminhos e descaminhos que marcaram o Brasil na sangrenta década de 1970. Pela força literária e pelo conteúdo testemunhal, é uma peça que constrange a esquerda e envergonha a direita.
 
O inferno

Embora não seja ali citado uma única vez, Ustra vestiu a carapuça e tachou de ?delírio? o texto de Arida, que relembra a tortura sofrida no DOI-CODI de São Paulo, comandado pelo coronel na fase mais truculenta do regime, o governo Médici. Conhecido nos porões como ?major Tibiriçá?, Ustra tenta rebater ? sem provas, nem fatos ? o relato circunstanciado de uma de suas vítimas.

O ofício de violência do coronel fala por si, com a veemência do sangue e a eloquência dos números que gritam em sua turbulenta ficha militar. Ustra operou o símbolo mais estridente do terrorismo de Estado no País: o DOI-CODI da Rua Tutóia, um antro de dor e horror que define a ditadura perante a História.

Durante os 40 meses de seu reinado, entre 1970 e 1974, morreram lá 40 presos. O cardeal Paulo Evaristo Arns contabilizou, neste período, 502 denúncias de tortura.

Só o casal Maria Amélia e César Teles sobreviveu ali onze meses de 1973 ? e a dezenas de sessões de tortura na máquina de moer carne de Ustra. Os filhos, Janaína e Edson, na época com 5 e 4 anos, são testemunhas: ?Durante cerca de 10 dias, minhas crianças ficaram no DOI-CODI. Dentro da cela, me viram sendo torturada na ?cadeira do dragão?, cheia de hematomas, com o rosto desfigurado. Na semana em que meus filhos estavam ali, os torturadores falavam que os dois estavam sendo torturados. Disseram que eu seria morta. Isso foi o tempo todo. Ali era o inferno?, contou Amélia em 2006, quando começou o processo contra Ustra na 23ª Vara Cível de São Paulo.
 
A hipocrisia

Ao condená-lo, o juiz Gustavo Santini Teodoro observou que as testemunhas, que estiveram presas com os Teles, sustentavam que Ustra comandava espancamentos, choques elétricos e tortura psicológica. Das celas, escutavam o berro e o pranto dos presos: ?Não é crível que os presos ouvissem os gritos dos torturados, mas não o réu [Ustra]?, sentenciou o juiz.

Surdo de novo à voz da razão, o sonso coronel tenta escapulir à responsabilidade classificando o irrefutável relato do economista como ?imaginário, fictício e delirante?.

A sinceridade levou Arida a reconhecer que ?há muito tempo deixou de ser comunista?.

A hipocrisia faz Ustra confessar que continua um torturador ? agora, da verdade e da História.

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

Fórum

LEIA MAIS

Cooperativismo renovado

Quando a ação do Ministério Público tem valor

A cigarra e a formiga na vida real

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

REAÇÃO AO TARIFAÇO

Leia a íntegra do artigo de Lula no New York Times em resposta a Trump

2

VÍDEO

Valdemar Costa Neto admite "planejamento de golpe", mas nega crime

3

TRAMA GOLPISTA

Quem são os próximos a serem julgados por tentativa de golpe no STF?

4

TRANSPARÊNCIA

Dino pede que PF investigue desvios em emendas de nove municípios

5

VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Filha de Edson Fachin é alvo de hostilidade na UFPR, onde é diretora

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES