Senado abre duas sindicâncias contra ex-diretor

Fábio Góis

A diretoria-geral do Senado anunciou nesta segunda-feira (27) a criação de duas sindicâncias internas para apurar supostas irregularidades praticadas pelo ex-diretor de Recursos Humanos (RH) João Carlos Zoghbi. As comissões de sindicância se concentrarão na exploração de empréstimos consignados de servidores da Casa, por meio de convênios assinados com instituições financeiras, e na ocupação irregular de apartamento funcional do Senado por parte de familiares de Zoghbi.

Segundo reportagem da revista Época publicada neste sábado (leia), Zoghbi "acumulou poder, patrimônio (...), assim como muitos desvios éticos e irregularidades" durante os quase dez anos em que comandou um quadro de cerca de dez mil funcionários. A reportagem diz ainda que Zoghbi participa de esquema de empresas de fachada, e teria posto a ex-babá de seus filhos - uma senhora de 83 anos - como sócia majoritária em três empresas que teriam lucrado R$ 3 milhões em um ano e meio.

O Banco Cruzeiro do Sul, que desde 2002 opera empréstimos com desconto em folha e atua como provedor de crédito consignado para servidores do Senado, foi apontado pela reportagem como responsável pela maior parte do faturamento das empresas em nome da ex-babá. Hoje (27), o banco divulgou nota por meio da qual nega as acusações de irregularidade.   

Zoghbi está desligado da diretoria de RH desde 13 de março deste ano (leia), quando entregou ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), uma carta com pedido de exoneração. A iniciativa do ex-diretor foi tomada depois de publicação de reportagem do Correio Braziliense segundo a qual ele repassou aos filhos um apartamento funcional de 180 metros quadrados na Asa Norte, bairro nobre de Brasília - imóvel que, segundo a legislação da Casa, seria reservado ao titular da diretoria. Zoghbi, proprietário de uma casa de 776 metros quadrados de área construída no Lago Sul, outro bairro nobre da capital, abdicou do direito em nome dos parentes.

A reportagem tentou contato por telefone com João Carlos Zoghbi, mas ele não atendeu as ligações.