Na esteira de denúncias que abalam ainda mais a credibilidade do Senado, o primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), determinou hoje (20) a suspensão da construção de uma cela no subsolo do anexo 1, que estava em fase de conclusão. Segundo o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Araújo, a prisão – que serviria para deter praticantes de crimes dentro da instituição – ficaria pronta em duas semanas. Embora tenha estabelecido a interrupção da obra, Heráclito não se declarou contrário à sua consecução.
“Eu não posso ser a favor nem contrário àquilo que não conheço. Agora, não seria nenhum exagero a necessidade de uma cela”, declarou o senador, para quem as circunstâncias do dia-a-dia do Senado poderiam demandar a construção de uma prisão. “Temos aqui um movimento de pessoas estranhas.”
Para Heráclito, a construção da “sala de custódia”, como já é chamada a cela pelos policiais legislativos, pode ser até mesmo cancelada definitivamente. Ele diz que a utilidade da cela – que poderia abrigar inclusive depoentes de CPI que vierem a receber voz de prisão, para depois serem encaminhados para órgãos competentes – é que determinará a continuidade ou interrupção da obra.
“Quando eu pedi a suspensão, foi para avaliar a necessidade e a urgência da obra nesse momento. Essa suspensão poderá durar uma semana, ou pode ser definitiva. Minha intenção é tomar pé da situação, saber o motivo que levou à construção”, disse Heráclito, no momento em que anunciava o afastamento de 50 diretores do Senado (
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A construção foi orçada em R$ 8 mil, e faz parte da reforma geral elaborada pela Subsecretaria de Obras (cujo diretor foi afastado hoje) que visa a melhoria da estrutura da Polícia Legislativa. Com um custo de cerca de R$ 570 mil, a reforma foi autorizada em dezembro pelo antecessor de Heráclito na Primeira-Secretaria, Efraim Morais (DEM-PB).
(Fábio Góis)