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Congresso em Foco
29/1/2009 | Atualizado 31/1/2009 às 2:44
Depois de dias de indefinição, o PSDB decidiu enfim em quem votará na eleição da próxima segunda-feira (2) para a presidência do Senado: no integrante do partido arqui-inimigo dos tucanos, Tião Viana (PT-AC). “Somos oposição, mas não sofremos de ‘petefobia’ [sic]. Somos muito diferentes”, disse ontem (28) o líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), sinalizando, ao lado do presidente nacional da legenda, Sérgio Guerra (PE), que o apoio poderia ser mesmo declarado a Tião.
Por volta das 23h30, Tião confirmou ao Congresso em Foco o apoio tucano. "Eu fiquei muito animado, com muita esperança e otimismo, mas com humildade e na prudência", disse o petista, ressaltando a responsabilidade que o gesto implica. "Foi uma decisão muito forte deles, pautada na confiança que eles demonstraram no meu compromisso em promover o Legislativo e a independência do Senado."
Intantes depois de ouvir Tião Viana, a reportagem recebeu o retorno de Arthur Virgílio, pouco antes de 1h desta sexta (30). "A idéia [do apoio] é esta: o senador Tião Viana assumiu muito assertivamente os compromissos com as reivindicações do PSDB, de lutar pela soberania do Senado, com ética, com independência", disse o tucano, para quem seu partido espera do próximo presidente "uma revolução no Senado".
Segundo Virgílio, Tião "está muito mais livre" do que o candidato peemedebista, José Sarney (AP), em relação à influência do Palácio do Planalto no Parlamento (o tucano já havia dito ao site que não queria "um delegadinho" de Lula na presidência do Senado). "Não duvido da seriedade do senador José Sarney, mas o senador Tião não está cercado das forças políticas que compõem com o governo", ponderou o tucano, acrescentando que Tião "não tem nenhuma raiz na máquina do Senado, nem na máquina pública". Como se sabe, além do próprio país, Sarney já presidiu o Senado. Aliás, por duas vezes: entre 1995 e 1997 (gestão FHC), e entre 2003 e 2005 (governo Lula).
Virgílio disse ainda que, durante o processo de escolha do PSDB, Sarney foi "muito correto e justo" com o partido, e que respeitou as razões expostas para o apoio ao adversário petista. Antes do telefonema a Tião, o senador manauara telefonou para a filha de Sarney, a líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), para dar a notícia – a quem agradeceu, bem como ao pai, pela "cordialidade" durante o processo sucessório.
Direto de Recife
A confirmação apoio tucano a Tião Viana foi feita em telefonema de Virgílio, pouco antes das 22h desta quinta-feira, ao próprio petista, segundo informações do Blog do Josias, da Folha de S.Paulo. A definição teria sido alcançada em reunião na casa de Sérgio Guerra, em Recife, com a presença de mais um peessedebista, o cearense Tasso Jereissati.
Os demais senadores tucanos foram consultados por telefone (na reunião de ontem, no gabinete de Sérgio Guerra, Virgílio garantiu que, mesmo com eventuais divergências na bancada, o partido votaria unido, a despeito de o voto ser secreto).
Com a notícia, caem por terra as esperanças do ex-presidente da República José Sarney em amealhar os 13 votos da terceira maior bancada do Senado. Hoje (29), o DEM, que oficializou o apoio a Sarney, voltou a ser o segundo maior partido do Senado – com o retorno da sergipana Maria do Carmo especialmente para a votação da segunda-feira, a legenda passa a contar com 14 nomes na votação de segunda-feira. A senadora estava há mais de 120 dias afastada do cargo por motivos de saúde.
"Refluxo"
O apoio do PSDB a Tião remete ao peculiar episódio protagonizado ontem pelo segundo vice-presidente do Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR). Em decisão tão precipitada quanto inverídica, Alvaro resolveu, sem o aval dos colegas de partido, anunciar em sua página na internet o apoio da bancada tucana à candidatura de José Sarney.
Momentos (e algumas leituras) depois, Alvaro retirou o texto da grande rede. Com certo ar de constrangimento, disse à reportagem ter imaginado que o entendimento em torno de Sarney havia sido alcançado depois da mais recente reunião da bancada, e que recebeu com surpresa o fato de o anúncio ter provocado um "refluxo" negativo (leia).
Voto a voto
Considerando-se que todos os senadores votem fielmente à orientação partidária, e com o apoio formal de PTB, PSB, PR, Psol, PRB e PDT, Tião agora reúne 38 votos (25 dos partidos listados e 13 do PSDB). Contudo, na hipótese de dissidências veladas e manifestadas no voto secreto, o petista diz acreditar em adesões ao seu nome no próprio PMDB (leia). Para a vitória, são necessários ao menos 41 votos, dos 81 possíveis.
Já Sarney já sai com a vantagem dos 20 votos do PMDB, maior bancada do Senado. Ou melhor, 19 votos – a exceção certa é Jarbas Vasconcelos (PE), um dos principais críticos do que considera postura de alinhamento de Sarney aos interesses governistas. Com os 14 votos do DEM, e na hipótese de que mais alguns venham de partidos menores, a disputa fica acirrada. E relegada ao imponderável das urnas. (Fábio Góis)
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