Abin gastou R$ 800 mil na Operação Satiagraha

O presidente da Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Asbin), Nery Kluwe, afirmou hoje (25), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas, que a Abin gastou R$ 800 mil de seu próprio orçamento na Operação Satiagraha. Essa quantia foi usada para custear o trabalho dos agentes durante a investigação.

Para o presidente da Asbin, a Agência não deveria ter participado da operação. "Há uma corrente na agência que entende que o agente, ao participar de operação que não é da finalidade da nossa instituição, cumprindo ordem, está agindo dentro da legalidade. Outra corrente entende que não", afirmou Kluwe.

O valor, na opinião de Kluwe, prova que a participação da Abin na Satiagraha foi formal. "Não existem despesas de recurso público que possam se dar de modo informal. Ainda mais essa quantia", opinou.

Vazamento

Kluwe negou que seja responsável por vazar o grampo telefônico que flagrou conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), em julho deste ano. Segundo o jornal O Globo, o presidente da Asbin teria sido apontado como responsável pelo vazamento pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix.

"Repilo e rechaço a maledicente acusação de minha participação no episódio. A Abin não atua contra o governo. Tanto a Abin quanto a Polícia Federal sairão fortalecidas desse episódio", respondeu.

Para o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), ficou claro que "os procedimentos não foram seguidos". Ele disse que Kluwe apenas deu sua versão, mas que não acrescentou muito às investigações. Mas acabou criticando novamente a condução da Satiagraha. "Temos que parar no Brasil com essa mania de que o fim justifica os meios", disparou. (Mário Coelho)