Candidato a líder do PMDB na Câmara, o deputado Sandro Mabel (GO) reafirmou sua inocência no chamado “golpe da creche”, após o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília Vallisney Souza considerar que “muitos elementos” vinculam o parlamentar à prática de três crimes.
Veja a íntegra da nota de Sandro MabelPara juiz, elementos envolvem Mabel em crimes
[caption id="attachment_98299" align="alignleft" width="285" caption="Candidato à liderança do PMDB, deputado reafirma inocência no caso. Investigação corre no Supremo Tribunal Federal"][/caption]
Em nota enviada ao Congresso em Foco, a assessoria do deputado afirmou que ele é o maior interessado na solução do caso por também se considerar uma vítima da quadrilha. “Desde 2009, o deputado colabora com as investigações e tem feito pedidos oficiais para que todas as suspeitas sejam apuradas, por se considerar vítima de uma quadrilha que atuava na Câmara e que infelizmente conseguiu infiltrar um membro em seu gabinete.” Ele faz referência a seu ex-motorista Francisco José Feijão de Araújo, o Franzé.
Os auxiliares de Mabel afirmam que Vallisney agiu corretamente ao enviar o caso ao Supremo Tribunal Federal, onde já tramita o Inquérito 3421 contra o deputado, Franzé e o pasteleiro Severino Lourenço, contratado como fantasma no gabinete. Segundo a assessoria do deputado, o magistrado só deu andamento ao caso por “desconhecer” laudo da Polícia Federal a respeito das assinaturas de Mabel.
Não é o que se observa, porém, no despacho do juiz. Ele tomou a decisão depois de ser informado do teor do laudo pelo Ministério Público. Referências a esse exame constam dos autos. O laudo é favorável a Mabel: das 84 assinaturasanalisadas, 83 foram consideradas falsas e uma verdadeira, a que altera o salário do pasteleiro Severino. Mas a Procuradoria da República considera a tese de que o deputado poderia ter mandado alguém, propositadamente, assinar documentos em seu nome. Mais do que isso, o Ministério Público avalia como importante a declaração da chefe de gabinete do parlamentar, Maria Solange Lima, de que era o próprio Mabel o responsável pela contratação de funcionários. A servidora diz ter sido informada por Franzé que foi o deputado quem mandou contratar Severino Lourenço.
Com base nessas informações e interpretações, Vallisney disse que policiais e a procuradoria encontraram “fortes indícios” de participação de Mabel no caso. “Constam nestes autos muitos elementosprobatóriosque dão conta da participação do deputado federal Sandro Mabel em formação de quadrilha, falsidade e estelionato”, escreveu o juiz, em sua decisão de mandar o caso para o STF.
Variantes
A nota de Mabel lembra que ele não é investigado por todas as variantes do golpe da creche, apenas pela existência de fantasmas em seu gabinete. Como vem mostrando o Congresso em Foco, o esquema é complexo, envolveu ao menos quatro gabinetes, três deputados e inúmeros servidores e pessoas de fora da Câmara. Além do uso de fantasmas, o golpe consistia em fraudes no pagamento do auxílio-creche e no vale-transporte dos servidores.
Veja a íntegra da nota de Sandro MabelEntenda o que é o golpe e todas as suas variantesTudo sobre golpe da crecheSaiba mais sobre o Congresso em Foco (2 minutos em vídeo)