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PGR apresentou parecer defendendo a manutenção do sigilo da delação de Mauro Cid no caso das joias, contrariando defesa de Bolsonaro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro disse, em reunião com seus ministros, em 5 de julho de 2022, que o Brasil iria virar uma "grande guerrilha" se o presidente Lula (PT) vencesse as eleições de outubro daquele ano. A manifestação consta de vídeo apreendido pela Polícia Federal (PF) no computador pessoal do tenente-coronel Mauro Cid e que embasou a Operação Tempus Veritatis, deflagrada nessa quinta-feira (8). Na ocasião, Bolsonaro convocou seus aliados a disseminarem ataques contra o sistema eleitoral como forma de evitar sua derrota nas urnas.
"Nós sabemos que se a gente reagir depois das eleições vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém duvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", disse Bolsonaro no vídeo. A gravação tem cerca de 30 minutos. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ainda não autorizou a divulgação do vídeo. Alguns trechos, no entanto, foram vazados.
Veja trecho da fala de Bolsonaro na reunião:
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=ocCH0tsCIRQ[/embed]
A operação deflagrada pela PF visa apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção no poder do então presidente Jair Bolsonaro. É a operação da PF sobre a tentativa de golpe que mais se aproxima da cúpula política do antigo governo. Entre os alvos, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, como os ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Diante da cúpula de seus ministros, Bolsonaro alega que o Supremo Tribunal Federal estaria agindo para que Lula vencesse a eleição.
"Os caras estão preparando tudo, pô, pro Lula ganhar no primeiro turno. Na fraude. Vou mostrar como e por quê. Alguém acredita aqui em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar, levanta o braço. Acredita que eles são pessoas isentas? Que estão preocupados em fazer justiça, seguir a Constituição? De tudo o que vocês estão vendo?", afirma ele.
O ex-presidente alega que a única chance que teria de reverter o resultado seria por meio de uma ação dos seus ministros.
"Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintando, está pintando. Eu parei de falar em voto impresso em eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que... Eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes".