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Congresso em Foco
30/11/2009 18:00
Fábio Góis
Em uma segunda-feira (30) com apenas quatro senadores em plenário, a senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi à tribuna para pedir desculpas aos eleitores pela enxurrada de denúncias que, desde sexta-feira (27), acomete o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), assessores, parlamentares da base aliada e empresários.
Em nota divulgada hoje (segunda, 30) pelo diretório regional (leia a íntegra abaixo), o PDT formaliza a saída da base aliada e aproveita para lançar candidato próprio ao governo do GDF, nas eleições do próximo ano.
"Eu quero me dirigir a todos os brasileiros que possam estar assistindo a esta minha fala para, como brasiliense por opção e como membro da classe política, pedir desculpas por todos os fatos a que vocês estão assistindo, de que estão tomando conhecimento por imagens, por gravações, relacionadas com autoridades da minha cidade do Distrito Federal", disse Cristovam, visivelmente constrangido, sugerindo o imediato afastamento de Leonardo da presidência da Câmara Legislativa.
Para Cristovam, o vídeo que flagra Arruda recebendo "dinheiro vivo" é "a imagem mais lamentável a que a história brasileira talvez já tenha assistido de um conjunto de dirigentes de um Estado". E, por isso, o senador defendeu também o afastamento tanto de Arruda quanto do vice-presidente do DF, Paulo Otávio (DEM), também citado no inquérito da PF como um dos beneficiários da partilha ilegal.
Ex-ministro da Educação no primeiro mandato do presidente Lula, o senador classificou como "enterro ético" o fato de Leonardo ter recebido "tanto dinheiro que não cabe nos bolsos, colocando-o nas meias". "Toda a cadeia de comando que sucede a cada um aqui se desmoronando moralmente", disse, Cristovam, lembrando que o deputado distrital José Antônio Reguffe (PDT), tomou a iniciativa de pedir a instalação, na Assembléia Legislativa, de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar todos os envolvidos na distribuição de recursos públicos.
"E, a partir dessa CPI, dependendo do resultado dela, apoiar firmemente a decisão da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] de pedir o impeachment do Governador", completou Cristovam, para quem não há mais razão para os festejos dos 50 anos da capital federal, ano que vem. "Em toda festa alguém tem que comprar o bolo, ou o panetone", disse Cristovam, ironizando o fato de a defesa de Arruda ter mencionado a iguaria como razão para a entrega de pacotes de dinheiro - que foram escondidos até em cuecas e meias. "Quem vai comprar o bolo da festa de Brasília? Esse é o problema."
Para Cristovam, a saída seria ou o adiamento da celebração ou uma festa independente do governo local. "A não ser que a gente faça uma festa espontânea, sem precisar de governo nenhum, pode ser uma boa idéia: o povo na rua cantando, comemorando."
A executiva nacional do DEM está reunida neste momento na residência oficial do GDF, com a presença de Arruda, e analisa a expulsão de seu único governador.
De acordo com um interlocutor do partido, os líderes no Senado, José Agripino (RN), e na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), além do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, senador Demóstenes Torres (GO), pediram abertamente a expulsão de Arruda.
Parlamentares da legenda que devem concorrer ao governo em seus estados - caso de Rosalba Ciarlini (RN) - avaliam que a permanência do governador no partido pode trazer prejuízos eleitorais.
Leia a íntegra da nota do PDT-DF:
"NOTA OFICIAL
Em nossa avaliação, o Distrito Federal vive sua maior crise política. Desde sexta-feira, dia 27 de novembro, a população do DF assistiu estarrecida à sucessão de escândalos envolvendo o governador José Roberto Arruda, o ex-governador Joaquim Roriz e vários deputados da base governista .
O sentimento popular é de repulsa e descrédito nas instituições políticas.
Reconhecemos o importante papel desempenhado por nossos quadros dentro do Governo do Distrito Federal, realizado com competência e compromisso público, e que contou sempre com o apoio do Governador e de seu governo. Mas o PDT não pode se furtar ao seu legado histórico de ética e compromisso com a população, diante disso, determinamos, em reunião da Direção Regional, a imediata retirada desses quadros do Governo do Distrito Federal - nenhum deles envolvidos nas denúncias.
Nosso partido soma-se, ainda, a todos os esforços de apurar e punir os responsáveis. Mais que isso, não vamos nos omitir nesse debate. É neste sentido que reafirmamos a decisão do Diretório Regional do PDT-DF de lançar candidato próprio a Governador do Distrito Federal. Com isso, o PDT/DF vem a público reiterar sua história e seu legado em defesa do povo da Capital, reconhecendo em nós uma alternativa de mudança, bem como convovar a população do Distrito Federal para uma manisfestação em defesa da ética e do interesse público.
Brasília, 30 de novembro de 2009.
EXECUTIVA REGIONAL DO PDT/DF"
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